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Drones, a nova aposta de grupos extremistas e paramilitares

Em 2018, o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, já havia sido alvo deste tipo de atentado

Veículo aéreo não tripulado MQ-9Veículo aéreo não tripulado MQ-9 - Foto: Divulgação / Força Aérea dos EUA

O fenômeno está se expandindo, fugindo do controle e coloca lideranças militares e serviços de Inteligência em alerta.

Cada vez mais, jihadistas, grupos criminosos e paramilitares usam os drones como arma letal, como no ataque à residência do primeiro-ministro iraquiano, Mustafa al Kazimi, no domingo (7). O premiê saiu ileso.

Em 2018, o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, já havia sido alvo deste tipo de atentado.

"Isso confirma o que já sabemos: ataques de curto alcance são cada vez mais viáveis, não muito difíceis de financiar, nem de organizar tecnicamente, e potencialmente bastante precisos", disse o pesquisador Michael O'Hanlon, do "think tank" americano Brookings Institution, à AFP. 

Nos últimos anos, os exércitos vêm-se questionando sobre a inclusão de drones em seus próprios arsenais e sobre o risco da proliferação destes dispositivos em grupos armados, devido ao seu fácil acesso nos mercados.

O diretor de Riscos Globais e Emergentes do Centro de Política de Segurança de Genebra (GSCP, na sigla em inglês), Jean-Marc Rickli, ressalta "a importância crescente de tecnologias de uso duplo, ou seja: tecnologias comerciais utilizáveis com fins militares". 

O especialista constata um uso cada vez mais amplo deste aparelho controlável a distância: desde um atentado dirigido, criminoso, ou terrorista, até um ataque de mais envergadura com um enxame destes dispositivos hábeis, rápidos e coordenados.

Algo assim foi realizado em uma operação dos rebeldes huthis no Iêmen contra instalações de petróleo na Arábia Saudita em 2019, que conseguiram burlar os sistemas sauditas de defesa aérea.

"Há drones no mercado feitos para este tipo de missão", diz Rickli.

O analista cita o exemplo de pequenos drones chineses capazes de voar em enxame, ou dos Kalashnikovs russos equipados com asas, segundo ele, "um AK47 voador, vendido como uma arma antidrone, mas que pode ser usado para fins ofensivos". 

De acordo com fontes de segurança, três drones foram usados no recente episódio de Bagdá. Dois foram abatidos, mas um deles conseguiu detonar sua carga.

O Irã condenou o ataque, embora a República Islâmica seja, para muitos especialistas no tema, um dos suspeitos. O país é uma das potências regionais que têm desenvolvido o setor.

Contraofensiva difícil

"O ataque do drone parece confirmar a tendência recente de que o Irã quer demonstrar sua disposição de usar uma ação armada contra seus adversários regionais", disse o Soufan Center, um instituto americano privado de análise militar e estratégica, na segunda-feira (8).

Os analistas acreditam que, tanto no Oriente Médio quanto no restante do mundo, os drones acabarão se consolidando como uma arma, o que terá impacto direto em guerras, conflitos assimétricos e terrorismo internacional. 

O exemplo iraquiano "ilustra o potencial uso (de drones) em assassinatos seletivos", analisa Jeremy Binnie, especialista em defesa no Oriente Médio na publicação especializada britânica Janes, em conversa com a AFP. 

"A ameaça cresce, à medida que os componentes se tornam cada vez mais eficazes, permitindo às empresas aumentar a carga útil que o aparelho pode levar", para satisfação de grupos insurgentes e jihadistas, explica o pesquisador. 

Diante desse perigo, as capacidades defensivas vão sendo atualizadas, mas estão ficando para trás. Por enquanto, concentram-se em lançar interferências nas ondas de comando, nas imagens, ou nas frequências de GPS de drones para uso civil.

Em linhas gerais, esses aparelhos são guiados por três canais: radiofrequência, rede de telecomunicações (4G, 5G), ou coordenadas de GPS pré-programadas, resumiu, em recente entrevista à AFP, uma fonte de segurança no Milipol, o congresso de segurança interna dos Estados, realizado nos arredores de Paris.

Cada vez mais, os serviços de proteção de personalidades se equipam com sistemas para interferir nesses canais. 

Nos próximos anos, esse problema pode se acentuar, com um forte potencial disruptivo. 

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