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É importante manter uma rotina equilibrada durante a quarentena, alertam especialistas

Com quarentena em vigor, população enfrenta desafios no cumprimento de hábitos que eram comuns no dia a dia. Saiba como se adequar

A importância de manter uma rotina durante o isolamento socialA importância de manter uma rotina durante o isolamento social - Foto: Ed Machado/Folha de Pernambuco

Durante a quarentena, tem crescido o número de pessoas que se queixam de ter perdido a rotina ou de não conseguir cumprir hábitos que eram comuns no dia a dia. Insônia, sono desregulado, alimentação fora de hora e desequilibrada… Será que seguir - ou ao menos tentar - o mesmo padrão de hábitos que se tinha antes do isolamento social é positivo para atravessar esse período? De acordo com o neurocirurgião João Gabriel Gomes, a resposta é sim. “Manter a rotina de dormir, acordar, realizar as refeições e exercícios em horários definidos é fundamental para garantir o funcionamento básico do nosso corpo”, explica. No entanto, Gomes ressalta: “rotina não significa mesmice”. Segundo o especialista, é importante variar as atividades que estão sendo realizadas.

Ele conta que muitas pessoas estão trocando o dia pela noite e alerta para o perigo que isso pode causar ao corpo. “A insônia pode causar uma diminuição na imunidade, principalmente nessa época de pandemia, e o indivíduo fica mais propenso a pegar doenças”, diz. “Além disso, quando uma pessoa não tem um sono reparador, fica mais irritada, ansiosa e tem alterações do humor, o que pode culminar em uma depressão”, complementa. Gomes relata ainda que tem crescido o número de pacientes, de todas as faixas etárias, com ansiedade, transtornos de humor e dificuldades em manter a rotina do sono.

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É o caso de Thammy Dantas, que tem sentido na pele a ausência de uma rotina. Desde o ano passado, a estudante convive com as crises de ansiedade. Além das consultas com o psicólogo e da medicação, ela precisava de alguma atividade ao ar livre. Agora, sem poder sair de casa, Thammy relata que não tem mais horário certo para nada. “Às vezes, eu acordo às 12h ou 13h. Fico vendo filme madrugada adentro e, quando acordo, já é ou passou da hora do almoço. Café da manhã eu nem tomo mais” conta. Thammy diz que sente como se estivesse perdendo os dias. “Sempre olho pela janela, e o tempo parece estar parado. Quando tento fazer alguma atividade física dentro de casa, acabo desistindo por não ter concentração suficiente” relata. “As únicas coisas que ainda consigo fazer são ler e ouvir música. Tinha uma lista de livros acumulados, então voltei a ler. E ouço bastante música, tento descobrir coisas novas, novas bandas” continua.

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Quem também tem sofrido com esse período é Marina Barbosa. A estudante de odontologia, que tinha uma rotina cheia e com horários definidos antes do isolamento social, afirma que também tem a sensação de dia perdido. "Eu tenho trocado o dia pela noite. Durmo depois das quatro horas da madrugada e acordo às 16h. Não ter com o que me ocupar também contribui com essa sensação", pontua. Apesar disso, Marina tem se esforçado para regular os seus horários. “Tenho tentado acordar razoavelmente cedo com a ajuda do despertador, mas tem sido difícil, porque passo o dia com muito sono. Como estou sem atividades teóricas da faculdade, me dedico a cursos online, mas não é a mesma coisa”, revela.

Mas nem todo mundo está passando por isso. Anderson Santana, por exemplo, afirma que está com todos os hábitos mantidos. "Acordo umas 7h ou 8h e vou dormir, no máximo, de meia-noite. As refeições também tenho realizado nos horários convencionais", descreve. O auxiliar-administrativo enxerga de forma positiva estar em dia com a sua rotina. “Acho que quando isso tudo passar, eu terei pouca dificuldade para voltar ao normal”, destaca.

Alimentação
Sobre a importância de manter o horário das refeições, o nutricionista Carlos Eduardo Paiva ratifica o que disse o neurocirurgião João Gabriel Gomes. Segundo Paiva, uma alimentação desregulada pode estar vinculada a quadros de insônia e ansiedade. Para ele, é fundamental realizar o café da manhã, o almoço e a janta nos horários adequados. “Nosso corpo funciona através do ciclo circadiano, o responsável por reger os hormônios, liberando a melatonina para dormir e o cortisol para despertar”, explica. “É muito importante tentar fazer a última refeição antes das 20h, porque a partir desse horário, a melatonina, o hormônio que dá relaxamento ideal para o sono, começa a ser liberada. Além disso, alguns chás podem estimular e induzir o indivíduo a ter o sono mais relaxado, como de camomila ou de erva-cidreira. Já para a ansiedade, abacate, banana e castanhas são muito bons”, complementa.

O nutricionista destaca ainda a importância de manter a higienização do sono, que deve ser de baixa luminosidade. Ele também indica uma alimentação focada em alimentos in natura e que dispense os industrializados. “É importante diminuir a quantidade de açúcares, pães, massas e industrializados e focar em uma alimentação de verdade, rica em frutas, legumes, ovos, carnes e peixes”, finaliza.

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