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É preciso valorizar a vida e, se for preciso, pedir ajuda

Falar sobre o suicídio é a melhor forma de enfrentar a questão, segundo os especialistas. A depressão é a causa mais frequente

Cantora Ana NóbregaCantora Ana Nóbrega - Foto: Divulgação/Agência Salt

Raimundo Gomes saiu do Insituto de Criminalística, onde trabalha, e se dirigiu ao Centro do Recife na última quarta-feira (28). Deveria realizar a perícia de uma possível cena de crime. O corpo de uma mulher de cerca de 50 anos jazia na marquise de um edifício após cair do 19º andar, por volta do meio dia. Ele descobriu que ela havia deixado uma bolsa com dinheiro e medicamentos antidepressivos e, provavelmente, se jogou.

Não havia sinais de briga, ninguém ouviu gritos ou pedidos de socorro. Trabalho encerrado. Raimundo retornou ao veículo do IML e partiu para outro bairro, na Zona Oeste da Cidade. Um homem havia se enforcado e o corpo precisava ser encaminhado ao Instituto. A cena se repete. Em média, 333 suicídios ocorrem em Pernambuco a cada ano. Quase um por dia. É preciso discutir o tema. O mês de prevenção, o Setembro Amarelo, encerra-se nesta sexta-feira (30). Mas a valorização da vida deve ser contínua.

Os números, originados no Sistema de Informação de Mortalidade da Secretaria Estadual de Saúde (SES), são alarmantes. Nas estatísticas, pessoas de idades variadas estão inseridas. Aqueles entre 20 e 29 anos, contudo, são os mais recorrentes. Pessoas com idades entre 30 e 39 anos aparecem em segundo. O suicídio entre os homens é mais prevalente, mas as tentativas entre elas chegam a 70%.

Falar sobre o tema é a melhor forma de enfrentar a questão, segundo os especialistas. “A depressão é certamente o que mais leva ao suicídio. Entre as patologias psiquiátricas que causam suicídio é a mais frequente. Nesta patologia a pessoa sente uma tristeza profunda. A pessoa vê tudo impossível. E muitas vezes numa depressão grande sente-se como se não tivesse saída para aquilo. Mas há. É preciso pedir ajuda”, afirma a psiquiatra e conselheira do Cremepe, Jane Lemos. O principal recurso para prevenir o suicídio, alerta, é sempre buscar ajuda.

Além de cuidados médicos, o apoio do Centro de Valorização a Vida (CVV) tem sido fundamental para algumas pessoas. No Recife, o espaço funciona há quase 40 anos, 24h por dia e sempre com voluntários. Entre eles Roger Bravo. Ele conta que são, em média, 1,8 mil ligações por mês de pessoas pedindo ajuda. E defende que silenciar as discussões sobre suicídio não é a saída. “Algumas pessoas temem que, ao discutir o assunto, possam impusionar outras a cometerem. Mas a questão não é falar, mas como falar”, disse o voluntário.

Segundo Bravo, em 90% dos casos, as pessoas estão com alguma doença mental, seja ela passageira ou não. O voluntário alerta, também, que por ser um tema polêmico, os números oficiais de mortes, muitas vezes, não correspondem à realidade. “Há muita subnotificação dos casos. E isso prejudica muito a confiabilidade das estatísticas oficiais”, afirmou. Para ele, muitos casos atestados como de acidentes de trânsito, por exemplo, são na verdade de pessoas que tiraram a própria vida.

Apoio emocional
O CVV oferece apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo, email, chat e Skype (na página cvv.org.br). Neste ano, em parceria com o Facebook passou a disponibilizar uma ferramenta que permite ao usuário ajudar amigos que possam mostrar sinais de que estão pensando na morte como saída para os problemas.

Na opção “Denunciar”, disponível nos perfis da rede social, a pessoa que estiver preocupada com o amigo pode clicar em “Eu quero ajudar o fulano”. Aparecerão algumas opções de auxílio, como por exemplo, o usuário pode receber uma mensagem dizendo que um amigo está preocupado com suas postagens e com o número do CVV.

Como procurar ajuda
Rede de Centros de Apoio Psicvossocial (Caps) - (81) 3355.2811
Centro de Valorização da Vida (CVV) - 141 ou 3424.7311

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