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Educando através da música

Conservatório Pernambucano de Música faz 86 anos com mais de 2.100 alunos e 160 professores

Deputado Silvio Costa Filho (PRB), líder da oposição na AlepeDeputado Silvio Costa Filho (PRB), líder da oposição na Alepe - Foto: Rinaldo Marques/Alepe

Já são 86 anos de história e de um grande serviço prestado à música erudita e à música popular de Pernambuco. O Conservatório Pernambucano de Música mantém a sua missão de formar novos músicos, de apoiar a pesquisa e difundir a produção musical do nosso estado. A grande mudança nos últimos anos foi a maior visibilidade que o CPM passa a ter junto à Sociedade, com um trabalho mais amplo de difusão musical.

“O Conservatório sempre teve uma tradição de guardião da música erudita. Mantivemos esse papel, mas abrimos espaço para uma música popular de boa qualidade, que é tão importante quanto e que precisa de difusão”, conta a gerente geral do CPM, Roseane Hazin.

Ex-aluna, professora e supervisora de Piano e Teclados, chefe de unidade pedagógica e gerente de Ensino, Pesquisa e Difusão, na gestão passada, ela cumpriu todas as etapas dentro do Conservatório e sabe bem o papel dos eventos realizados nas próprias instalações do CPM ou nas apresentações em teatros, escolas ou mesmo em espaços públicos.
“A música erudita e instrumental tem uma dificuldade de mercado, pois não tem essa característica de música “chiclete” que cola nos ouvidos. A gente precisa abrir também um espaço para essa música, que é muito boa e que é representativa na cadeia produtiva de Pernambuco”, afirma.
Desde os anos 80 o Conservatório conta com o tradicional Quartas Musicais, hoje consagrado como o principal espaço da música erudita no estado. Em 2008, quando o CPM consolidava a “abertura” para a música popular, foi criado o Cesta de Música, que acontece às sextas, mais voltado para cantores, instrumentistas e grupos populares e folclóricos.

Os dois eventos são realizados no Auditório e Estúdio Cussy de Almeida, nas próprias dependências da escola. Há ainda o Palco para Todos, criado em 2009, que tem um caráter mais descontraído e acontece no palco localizado ao lado da Biblioteca Henrique Gregori.

A essas apresentações, se juntam os eventos pontuais que acontecem ao longo do ano e que possuem o “selo de qualidade” do CPM. Como a comemoração do Dia do Choro, o Festival de Música Instrumental, am­bos no primeiro semestre, a curadoria do palco erudito no Festival de Inverno de Garanhuns, o Encontro da Prática Instrumental do Frevo, que, segundo Roseane, “as pessoas estão pedindo para que isso faça parte do calendário” e a Semana da Música, que acontece sempre no final de novembro.

 “Este ano, faremos as comemorações de 21 a 25 de novembro. Muita gente se inscreveu, grupos não só de Pernambuco, e não temos mais lugar para colocar tanta gente. Culmina com uma maratona na sexta-feira, com apresentações a cada meia-hora”, explica a gerente geral.
Outra forma do Conservatório ajudar a difundir a música de qualidade que tem obtido um grande sucesso é o projeto Música no Palácio. Um domingo por mês, os coros infantil e adulto do CPM têm levado suas apresentações ao Palácio do Campo das Princesas, sede do Governo do Estado.

Na edição passada, foi exibido o musical Saltimbancos. Presente no evento com a filha Laura, de 4 anos, a professora de música Mônica Muniz ressaltou que projetos como esse são fundamentais para apresentar aos pequenos um repertório musical de qualidade. “Eu acho que é de berço que se chega à vida adulta com uma qualidade musical. Além disso, eles passeiam pela cidade, conhecem os monumentos e ainda vivenciam momentos com este aqui”, comentou.
Já o projeto Circulação de Música de Câmara é um circuito musical para difusão da música de câmara nas escolas da rede estadual de ensino. “Levamos uma orquestra para os alunos possam ouvir músicas que eles ouvem no dia a dia, inclusive temas de jogos eletrônicos, só que tocadas por instrumentos eruditos. Justamente para divulgar mais esses instrumentos, mostrar que eles não tocam apenas música erudita”, ensina Hazin.

Crianças e jovens são principal foco
Quando o pianista e compositor carioca, Ernani Braga, liderou a campanha para fundar o Conservatório Pernambucano de Música, em 1930, juntamente com Manoel Augusto dos Santos, Vicente Fittipaldi, Maria Orlando Paes Barreto, Luís de Oliveira e Irene Vernacci, o principal objetivo era criar um espaço para promover a formação de músicos em nosso estado.

Talvez ele não imaginasse que, 86 anos depois, a escola que começou com apenas 100 alunos chegaria a um total de 2.100 estudantes espalhados pelos cursos de Iniciação Musical, Preparatório, Técnico e Livre e orientados por 160 professores. A maior parte desses alunos tem entre 7 e 14 anos e fazem parte das turmas de Iniciação Musical.

São os cursos em que os alunos não precisam, necessariamente, dominar algum instrumento e recebem uma visão geral do que é a música e todas as suas possibilidades. “A gente tem nas crianças a grande maioria do nosso alunado”, garante a gerente geral Roseane Hazin. Depois, os alunos têm como alternativa os cursos Preparatório e Técnico Profissionalizante em Instrumento, Canto, Regência e Composição & Arranjo.

Há também a alternativa para os adultos que estão fora da faixa reservada à iniciação, mas que já possuem alguma habilidade e querem aperfeiçoa-la, que são os cursos livres. Geralmente, são precisos cerca de 6 anos para que um aluno saia do CPM em condições de tentar seu espaço no mercado de trabalho.

“A música tem muita importância como instrumento de educação mesmo. São vários aspectos. O convívio em grupo, o tocar junto, ter que saber ouvir o outro, cada um representando um papel. A música fortalece a questão da convivência. Há também a questão da educação musical, saber o que é uma música erudita, como a música popular se formou, de onde ela vem, o aluno tem toda essa vivência. Há muitas possibilidades, hoje. A tecnologia, os jogos eletrônicos que usam música. A música está inserida em praticamente tudo o que se faz”, comenta Roseane.

O trabalho de formação do CPM vai além dos muros da escola. Desde 2008, o Conservatório toca o projeto Orquestrando Pernambuco, onde a música é levada a comunidades carentes, a fim de oferecer educação e oportunidade a jovens que vivem em situação de risco.

Hoje, o projeto está nas comunidades do Alto do Pascoal e do Poço da Panela, no Recife. Já o projeto Bandas de PE leva formação teórica para as centenárias bandas filarmônicas que existem no interior do estado.

Conservatório vai cair na rede
Apesar de ser identificado por muitos como um espaço de perfil erudito, o Conservatório tem aberto, cada vez mais, as portas para o mundo tecnológico. Uma das novidades programadas para este ano tem a internet como uma aliada para a área da difusão musical. Em breve, o CPM estará lançando o seu canal no You Tube, divulgando a sua produção e conhecimento para todo o mundo.

A ideia foi lançada pelo professor Fred Andrade, guitarrista que já tocou com Elba Ramalho, Lenine, Quinteto Violado, Dominguinhos e Naná Vasconcelos e que atualmente faz parte dos grupos Mandinga e Noise Viola. Ele mesmo, que já tem vários vídeos publicados no You Tube, é responsável pela produção das peças que serão exibidas no canal do Conservatório. “Estamos gravando com professores, alunos, e estaremos colocando o material no ar até o final do ano”, afirma Roseane Hazin.

A oportunidade está sendo vista como uma forma de popularizar não apenas a produção do CPM, mas difundir a música erudita, a música popular e, em especial, os talentos pernambucanos que foram moldados nas aulas do Conservatório. “A gente está achando muito importante, pois é uma forma de divulgação em todo o mundo. A gente percebeu que já fez muita coisa boa e que não gravou, não registrou e não mostrou. O canal no You Tube vai ser um bom espaço para isso”, explica a gerente geral.

Outro material que será disponibilizado no canal possui um caráter mais pedagógico. É uma forma de fazer com que a principal atividade do CPM atinja a um número cada vez maior de pessoas. “Queremos também disponibilizar vídeos educativos. A gente escolhe um assunto e um professor vai dar uma aula demonstrativa sobre esse assunto”, conta Roseane Hazin.

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