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'Ela quem me dá força', diz noivo de jovem escalpelada, que deve ser levada aos EUA para nova cirurg

Após corpo de Débora Stefanny rejeitar enxerto, família quer levar a jovem para fora do Brasil para uma nova cirurgia

Débora ao lado de Eduardo no leito do Hospital da RestauraçãoDébora ao lado de Eduardo no leito do Hospital da Restauração - Foto: Cortesia/Eduardo Tumajan

“Estou me tremendo até agora. Durmo chorando, é uma dor inimaginável. Ela quem me dá força. O pessoal acha que eu vou lá dar forças a ela, mas, na verdade, ela quem me dá”. Esse é o relato emocionado de Eduardo Tumajan, 28, noivo da auxiliar de ensino infantil Débora Stefanny, 19, cinco dias após o escalpelamento da jovem em um acidente na pista de kart localizada no estacionamento do Walmart em Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, no último domingo (11). O empresário conta que a equipe médica recomendou, nessa quinta-feira (15), uma nova cirurgia para a jovem em um centro médico na cidade de Houston, nos Estados Unidos.

“Pretendemos ir [aos EUA] com a ajuda do Walmart. O médico de lá é o mesmo que assistiu à cirurgia dela por videoconferência. Ele disse que o caso dela é muito delicado e que há interesse em trabalhar no caso”, relata Eduardo. Os médicos não repassaram à família nenhuma estimativa de gastos com a viagem e a cirurgia.

A assessoria de Comunicação do Walmart informa que tomou conhecimento do pedido de transferência de Débora pela imprensa. Os representantes da rede de supermercados aguardam um novo contato dos advogados da família para emitir um posicionamento oficial sobre as questões de gastos com a viagem aos Estados Unidos e com a cirurgia.

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A família de Débora também pretende acionar juridicamente a Adrenalina Kart, responsável pelo circuito onde ocorreu o acidente, embora a comunicação entre as partes esteja limitada segundo o noivo. O advogado da empresa de kart, Carlos Arthur Ferrão, informa que a Adrenalina vai aguardar todas as definições oficiais para definir o que será feito. “O interesse da empresa é de prestar os serviços hospitalares. Estamos em contato com o noivo, perguntando o que ela precisa e como está. Prezamos pelo bem-estar dela”, disse.

Para o jurista César Salles, a análise de responsabilidade para custeio da transferência e da cirurgia precisa ser feita de forma cautelosa. “Podem ser dois caminhos a se adotar: a responsabilidade objetiva, que é da empresa que fornecia o serviço. O supermercado também poderia ser responsabilizado solidariamente ou subjetivamente, o que chamamos de ‘teoria de aparência’, que é quando, por exemplo, a pessoa que chega para contratar um serviço de kart em um supermercado renomado, entende que, no mínimo, os requisitos legais são preenchidos”, destaca o advogado. Ele ainda ressalta que as implicações do acidente estão amplamente cobertos pelo Código de Defesa do Consumidor, embora existam margens para as empresas se defenderem juridicamente.

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Débora segue estável
O último boletim médico sobre a saúde de Débora - emitido na manhã desta sexta-feira (16) pelo Hospital da Restauração (HR), no Recife, onde ela está internada desde domingo - aponta que a paciente segue estável e internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) adulta. Segundo o hospital, Débora apresentou, nessa quinta, microtrombos na área da cirurgia, que poderão levar à perda do implante feito.

A jovem teve partes da pele arrancada pelo motor do kart implantada em cirurgia que durou quase cinco horas conduzida pelo médico Jonathan Vidal. Após o acidente, a pele foi levada por Eduardo em uma sacola plástica para o hospital. Débora ainda passou por outra operação para remoção dos microtrombos, mas o tecido terá que ser removido.

“O enxerto não funcionou porque a pele veio muito contaminada. Esse tecido reimplantado vai ressecar igual a uma casca de ferida e infelizmente [a pele] vai morrer. Então, a cirurgia tem que ser feita rapidamente nos EUA”, acrescenta o noivo. Um novo boletim médico sobre o estado de saúde de Débora deverá ser emitido pelo HR na próxima terça-feira (20).

Débora Estephany passou por cirurgia e permanece internada no HR

Débora permanece internada no HR - Foto: Cortesia

Débora e Eduardo estão juntos há quase um ano e hoje são noivos. Em meio às cirurgias e à recuperação, ele conta como a jovem, moradora do bairro do Engenho do Meio, na Zona Oeste da Capital, tem se mostrado forte. “Ela está se recuperando e se alimentando com comida batida no liquidificador. É muito forte e sempre recebe com sorriso no rosto. É impressionante a força dela, não se abala”, completa Eduardo.

A pista de kart, que funcionava havia apenas cerca de um mês antes do acidente, foi interditada pelo Procon-PE e Corpo de Bombeiros e não retornará às atividades. A Delegacia de Boa Viagem segue investigando o caso.

Relembre o caso
A jovem Débora Stefanny Dantas Oliveira, de 19 anos, teve o couro cabeludo arrancado pelo motor de um kart que pilotava em um circuito administrado pela empresa Adrenalina Kart Racing. O acidente ocorreu na tarde do domingo (11), no estabelecimento instalado no estacionamento do supermercado Walmart, no bairro de Boa Viagem, na Zona Sul do Recife. A auxiliar de ensino infantil participava da corrida com o noivo, o empresário Eduardo Tumajan, com quem foi ao circuito. A sogra de Débora, a comerciante Andréa Tumajan, acompanhava o casal e gravou um vídeo com registros de momentos antes do escalpelamento.

Segundo relato do tio de Débora, Douglas Nascimento, o socorro à jovem demorou cerca de meia hora. "Não prestaram socorro, não tinha ambulância, não tinha bombeiro civil", reclamou, em entrevista por telefone ao Portal FolhaPE. A jovem foi socorrida por um amigo e pelo namorado, que a levaram para o Hospital da Restauração (HR), no bairro do Derby, na área central da Capital.

A família registrou o caso em Boletim de Ocorrência e a Polícia Civil de Pernambuco abriu inquérito para investigar o acidente. A empresa será multada. O representante da Adrenalina Kart Racing, o empresário Vanderlei Dreyer, pai do proprietário Fábio Dreyer, classificou o caso foi uma "fatalidade".

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