Em conversa com papa, Zelensky diz que Ucrânia conta com Vaticano para recuperar crianças deportadas
Presidente ucraniano revelou conversa com Pontífice nesta segunda-feira
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou nesta segunda-feira que conversou com o Papa Leão XIV, em uma conversa que classificou como "calorosa" e "verdadeiramente substancial". Em uma publicação na rede social X, o líder ucraniano agradeceu pelo apoio do Vaticano ao fim do conflito com a Rússia e revelou ter dito ao Pontífice que conta com a assistência da Santa Sé para recuperar as crianças que foram deportadas para o território russo durante o conflito.
"Agradeci a Sua Santidade por seu apoio à Ucrânia e a todo o nosso povo. Valorizamos profundamente suas palavras sobre a necessidade de alcançar uma paz justa e duradoura para o nosso país e a libertação dos prisioneiros", escreveu Zelensky. "Também discutimos os milhares de crianças ucranianas deportadas pela Rússia. A Ucrânia conta com a assistência do Vaticano para trazê-las de volta para suas famílias".
Em sua primeira aparição aberta ao público, no domingo, Leão XIV fez um apelo pela paz mundial logo após o fim de entoar a oração Regina Coeli da sacada da Basílica de São Pedro. Ele citou a guerra na Ucrânia, mencionando o "sofrimento do amado povo ucraniano", e mais especificamente a questão das crianças tiradas de suas famílias — sem mencionar a quais crianças se referia.
— Que se faça tudo o que for possível para alcançar o mais rápido possível uma paz autêntica, justa e duradoura. Que sejam libertados todos os prisioneiros e que as crianças possam retornar às próprias famílias — disse o líder da Igreja Católica.
Leia também
• Ministros europeus pedem 'cessar-fogo' na Ucrânia e que 'Putin leve a paz a sério'
• Papa Leão XIV faz apelo à paz mundial citando Ucrânia, Gaza e Caxemira
• Zelensky destaca novo apoio da UE de ''um bilhão de euros'' para produção de armas no país
Embora tenha sido um pedido geral para o fim da guerra, a menção específica ao retorno de "crianças a suas famílias" parece fazer referência a um dos pontos mais polêmicos da guerra: a deportação de crianças ucranianas para a Rússia. Os dois países chegaram a entendimentos durante o conflito para que algumas delas fossem reunidas com suas famílias ao longo da guerra, mas a alegação de deportação ilegal de crianças foi um dos motivos que levou o Tribunal Penal Internacional (TPI) a emitir um mandado de prisão contra Putin.
Ainda de acordo com Zelensky, ele disse ter informado a Leão XIV sobre "o acordo entre a Ucrânia e nossos parceiros" para um "cessar-fogo total e incondicional de pelo menos 30 dias" a partir desta segunda-feira.
O formato desenhado por Kiev com aliados europeus no fim de semana não foi aceito pela Rússia, cujo presidente Vladimir Putin, no domingo (noite de sábado em Brasília) propôs o início de negociações diretas entre representantes dos dois países "sem condições prévias", afirmando que apenas com o diálogo poderia se chegar a um cessar-fogo. Zelensky classificou ontem a proposta como um "sinal positivo", e repetiu hoje a disposição para negociações diretas.
"Também reafirmei [ao Papa Leão XIV] a prontidão da Ucrânia para novas negociações em qualquer formato, incluindo conversas diretas — uma posição que temos enfatizado repetidamente. A Ucrânia quer acabar com esta guerra e está fazendo tudo para conseguir isso. Agora aguardamos medidas semelhantes da Rússia", escreveu.
O presidente ucraniano terminou a mensagem afirmando que convidou o líder católico para uma "visita apostólica" na Ucrânia, afirmando que a visita "traria esperança real a todos os fiéis e a todo nosso povo", e que o Papa teria concordado em manter contato e planejar uma reunião presencial "em um futuro próximo".

