Estudo

Em São Paulo, bairros pobres têm 2,5 vezes mais infectados

Pesquisa retrata a desigualdade social presente não só na cidade, mas em todo o País

Pessoas caminhando nas ruas de São Paulo após reaberturaPessoas caminhando nas ruas de São Paulo após reabertura - Foto: Nelson Almeida / AFP

Uma pesquisa financiada pelo Instituto Semeia, Grupo Fleury, Ibope Inteligência e Todos pela Saúde mostra que o número de pessoas infectadas pelo novo coronavírus no município de São Paulo é duas vezes e meia maior nos bairros mais pobres da cidade em comparação com os mais ricos. 

O estudo fez testes sorológicos em 1.183 pessoas adultas, em todas as regiões do município, de 15 e 24 de junho, 16 semanas após o primeiro caso registrado na cidade. Os resultados, divulgados nesta quarta-feira (1º), mostraram que 16% dos moradores dos bairros pobres apresentaram anticorpos para novo coronavírus, ou seja, já foram infectados pelo Sars-CoV-2, nome científico do novo coronavírus. Já nos bairros ricos, 6,5% das pessoas apresentaram os anticorpos, ou duas vezes e meia menos do que nos bairros pobres. Na média, no município, segundo o estudo, 11,4% das pessoas possuem os anticorpos para o vírus.

A pesquisa destaca que a diferença na proporção de pessoas já contaminadas pelo novo coronavírus reflete a desigualdade social do município de São Paulo. “A epidemia de Sars-CoV-2 no município de São Paulo pode ser entendida como sendo duas epidemias com dinâmicas de propagação distintas [uma nos bairros ricos e outra, nos pobres], refletindo a desigualdade social presente no município”, diz a conclusão do estudo.

Diferenças
Segundo a pesquisa, o número de pessoas já infectadas diminui com o aumento do nível educacional: 22,9% das pessoas que não completaram o ensino fundamental apresentaram o anticorpo contra o novo coronavírus, ou seja, já foram infectados pelo Sars-CoV-2. Já apenas 5,1% dos que terminaram o ensino superior tinham o anticorpo, uma diferença de 4,5 vezes menor. 

O estudo também mostra que a presença de anticorpos atingiu duas vezes e meia mais os participantes que se identificaram como pretos do que os brancos (19,7% dos pretos tinham o anticorpo versus 7,9% dos brancos); e alcançou duas vezes mais as pessoas que vivem em habitações com cinco ou mais indivíduos do que aqueles que habitam com um ou dois indivíduos (15,8% versus 8,1%).

Segundo a pesquisa, aproximadamente 958 mil pessoas com 18 anos ou mais já foram infectados pelo Sars-CoV-2 no município de São Paulo. Considerando somente os óbitos confirmados, o estudo estima que a taxa de letalidade da infecção na população com 18 anos ou mais é de 0,7%.

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