Emaranhados de fios nas ruas do Recife estão com os dias contados
Problema que atinge toda a Cidade, excesso de cabos e fiação nas vias deve ser resolvido pelas prestadoras de serviço
O emaranhado de fios nos postes da Capital pernambucana pode estar com os dias contados. A gestão municipal quer banir da paisagem do Recife os cabos e a fiação sem uso que atualmente ficam acumulados em excesso nos postes de iluminação. A decisão, aprovada pelo chefe do Poder Executivo municipal, Geraldo Julio, atinge as empresas que operam serviços de internet e telefonia, embora até hoje o município não tenha conseguido concluir o embutimento da rede aérea pelo subsolo, uma proposta aprovada em lei municipal, em 2014, mas que não teve grandes avanços. Enquanto isso, os fios pairam perigosamente sobre a cabeça das pessoas, além de poluir visualmente os vários bairros e ruas da Cidade.
Um dos poucos exemplos de fiação embutida na Capital é o da avenida Rio Branco, no Bairro do Recife. Porém, mais à frente, na rua Mariz e Barros, basta olhar para cima para ver o exagero de fios enrolados.
Trabalhando na reforma de um dos prédios históricos próximo ao poste, o mestre de obras Carlos Pereira, 42 anos, critica o descaso. “Em cidades do exterior a gente não vê isso. Os fios passam pelo subsolo ou estão embutidos. Chegou a um ponto que está muito feito. É tanto fio que esconde até a beleza dos prédios históricos. O Bairro do Recife deveria ser um cartão-postal da Cidade, mas não é tratado como tal”, criticou, ponderando: “Se o prefeito assinou uma medida para as empresas removerem esse excesso é porque ele está preocupado com essa poluição visual”, considerou Pereira.
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Esburacar ruas ou calçadas pode gerar multa
O problema da fiação faz parte do cenário urbanístico da Cidade como um todo. Mas, são nas comunidades e bairros mais periféricos, que a situação piora. “Tem muita gente aqui que faz ‘gatonet’ (fios clandestinos colocados por moradores para a venda de internet a baixo custo). Aí, se já é essa bagunça na fiação e a comunidade vem e piora, fica difícil, né? Fora que, vez ou outra, fica uns fios pendurados, quase se arrastando na cabeça da gente”, reclamou o autônomo José Pereira, 61, morador da rua Barros Barreto, no bairro de Santo Amaro (área central).
Paralela à rua Barros Barreto, na rua Francisco Jacinto, está a casa de Jean Michel Batista, 30. Bem em frente à janela de seu quarto, no primeiro andar da casa, há dez anos ele acorda diariamente e, em vez de olhar a paisagem, depara-se com o emaranhado de fios bem próximo a ele. “Basta eu esticar o braço para tocar nos fios. Dá muito medo de um choque e, pior, pipocar o poste por conta de um curto circuito. É legal a iniciativa de obrigar as empresas de telefonia a retirar o excesso, mas é preciso organizar a fiação elétrica também”, opinou.
Multa sem definição
O valor da multa, em caso de descumprimento pelas empresas de telefonia e serviços semelhantes, está sob análise pelo poder público. No município cearense de Cascavel, por exemplo, a prefeitura disponibiliza o telefone 156 para que as pessoas denunciem as irregularidades e, uma vez notificadas, as empresas têm o prazo de 30 dias para fazerem a remoção dos cabos ou da fiação aérea excedentes, sob pena de aplicação de multa diária de R$ 5 mil.
Procurada pela reportagem, até o fechamento desta edição a Prefeitura do Recife não deu retorno sobre um maior detalhamento da lei e nem sobre como será a fiscalização por parte do município.
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