Entenda por que rei Charles III teve 'segunda coroação' simbólica na Escócia
A celebração, que remonta ao século XVIII e foi retomada pela mãe do monarca, a rainha Elizabeth II, em 1953, simboliza a união entre as coroas inglesa e escocesa
O rei Charles III e a rainha Camilla participaram, nesta quarta-feira (5), de uma "segunda coroação" na Escócia, dois meses após a cerimônia oficial transmitida para o mundo na Abadia de Westminster, em Londres. A celebração simbólica — que remonta ao século XVIII e foi retomada pela mãe do monarca, a rainha Elizabeth II, em 1953 — simboliza a união entre as coroas inglesa e escocesa, e incluiu o príncipe e a princesa de Gales, William e Kate, mas sem a presença do príncipe Harry.
Na celebração, as joias da Coroa escocesa, feitas de ouro, prata e pedras preciosas, foram apresentadas ao monarca. As joias, chamadas de "Honras da Escócia", datam do início do século XVI, sendo as mais antigas do Reino Unido — e são as peças mais importantes da insígnia escocesa.
Além da coroa (que não foi colocada na cabeça do monarca, mas sim entregue em suas mãos, como manda a tradição) e do cetro, uma espada também integra o conjunto, embora a recebida por Charles na cerimônia não seja a original. Devido ao estado frágil do item, de 1507, uma nova espada foi confeccionada para a celebração e batizada com o nome de Elizabeth II, que morreu em setembro do ano passado. O custo para fazer a nova espada foi de aproximadamente R$ 135 mil.
Durante a cerimônia, o rei Charles III chegou à catedral de Santo Egídio, em Edimburgo, em uma procissão real acompanhado da rainha Camilla. Charles vestia o uniforme completo da Marinha Real e recebeu as insígnias de cavalaria das Ordens da Jarreteira e do Cardo. Camilla, por sua vez, usava um vestido branco desenhado por Bruce Oldfield, o mesmo que confeccionou sua vestimenta na celebração em Londres — e antigo estilista da princesa Diana.
O serviço foi seguido por uma salva de tiros e, na sequência, a procissão real retornou ao Palácio de Holyroodhouse, a residência real no país, para assistir ao sobrevoo aéreo da Força Aérea Real. Essa ocasião marcou o primeiro evento da Semana Real, um evento anual em que a monarquia britânica visita a Escócia para celebrar sua cultura e cumprir compromissos oficiais.
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As Honras da Escócia têm uma história turbulenta, conta o site oficial do Castelo de Edimburgo. Durante o período de 1651 a 1660, elas foram removidas do castelo e escondidas para evitar que o exército de Oliver Cromwell as encontrasse.
Porém, após o Ato de União entre Inglaterra e Escócia, celebrado em 1707, as Honras foram trancadas em um baú e seladas. Em 1818, o escritor Sir Walter Scott redescobriu as Honras, juntamente com uma varinha de prata misteriosa. Atualmente, as joias e sua exposição estão localizadas no primeiro andar do Palácio Real, no Castelo de Edimburgo.
Embora as festividades tenham sido marcadas por apoiadores da monarquia, manifestantes contrários ao rei expressaram insatisfação pela celebração, sendo ouvidos gritos de "não é meu rei" durante o evento. Os protestos contrataram fortemente com o dia da coroação em Londres, quando a polícia britânica prendeu membros de um grupo antimonarquia antes que eles pudessem se reunir perto de Trafalgar Square, onde se concentrava o público.
Na Escócia, os sentimentos por Charles são mais mistos. Em um levantamento recente da empresa de pesquisa YouGov, 46% dos entrevistados expressaram uma opinião positiva sobre o rei, enquanto 42% foram negativos. Quase três quartos disseram que não se importam com a coroação em maio, enquanto 46% disseram que o Reino Unido deveria continuar a ser uma monarquia. (Com New York Times.)