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EUA apostam em aplicativos e rastreadores humanos para detectar a Covid-19

Especialistas afirmam que ferramentas podem ser mais rápidos e precisos do que o trabalho humano

Versão sueca do aplicativo de rastreador Versão sueca do aplicativo de rastreador  - Foto: Fredrik Sandberg / TT News Agency / AFP

Digital ou manual? Bluetooth ou GPS? Centralizado ou descentralizado? Medidas para monitorar a disseminação do novo coronavírus, por rastreamento de contatos, estão sendo tomadas nos Estados Unidos através de diferentes abordagens do uso da tecnologia e das liberdades individuais.

Alguns governadores se recusaram a realizar programas de rastreamento digital e, em vez disso, contrataram milhares de rastreadores de contato humano, com o objetivo de localizar pessoas que estiveram próximas de um paciente com COVID-19.

Os dois sistema suscitam questionamentos sobre privacidade e vigilância do governo.

Uma plataforma Apple-Google projetada com Bluetooth pretende facilitar o rastreamento de contatos digitais, permitindo que os dois sistemas dominantes se comuniquem entre si.

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A novidade lançada esta semana foi disponibilizada em 22 países, mas até agora foi adotada na forma de aplicativos em apenas três estados americanos.

Algumas jurisdições buscam o controle centralizado por meio de agências de saúde e o uso da localização por satélite (GPS), uma fórmula rejeitada pelas empresas por seus riscos à privacidade e respeito às liberdades civis.

"Ainda não sabemos se alguma dessas tecnologias vai funcionar, mas sabemos que atualmente não temos muitas das proteções necessárias para evitar abusos ou excessos", disse Neema Singh Guliani, da União Americana das Liberdades Civis.

Mas Jules Polonetsky - do Fórum sobre o Futuro da Privacidade, um grupo de pesquisa sem fins lucrativos - considerou que o sistema lançado pelo Google-Apple é equilibrado porque mantém os dados privados até que os usuários decidam compartilhá-los.

"Contar com esses aplicativos é, na minha opinião, uma medida de segurança adicional potencialmente útil e satisfatória que preenche uma lacuna criada pelos desafios de hoje", afirmou Polonetsky.

- Rastreamento -
Vários estados americanos estão lançando seus próprios aplicativos, situação semelhante à da Europa, onde são desenvolvidos sistemas que competem entre si.

O aplicativo "Crush Covid" de Rhode Island, desenvolvido pela Infosys, com sede na Índia, detecta a localização utilizando GPS, mapas e notificações automáticas.

O aplicativo Healthy Together de Utah tem um sistema semelhante e promete excluir o local e os dados após 30 dias.

Algumas autoridades estaduais pressionaram o Google e a Apple para permitir o uso de dados de localização em seus programas.

Polonetsky observou que quaisquer mudanças "afetarão os usuários em todos os países do mundo, criando riscos de que os governos possam usar indevidamente a API (interface) para aplicar leis ou violações dos direitos humanos".

Lauren Sarkesian, do Instituto de Tecnologia Aberta da New America Foundation, observou que, para obter ampla participação, "governos e provedores devem garantir fortes proteções à privacidade, principalmente evitando a coleta de dados sensíveis de localização".

Para ser eficaz, o rastreamento digital precisa da aceitação de pelo menos 40% a 60% da população, segundo alguns pesquisadores.

Em Utah, cerca de 45.000 pessoas - menos de 2% da população - baixaram o aplicativo de rastreamento em seu primeiro mês.

Uma pesquisa realizada pela empresa PSB descobriu que dois terços dos americanos não confiam no governo em relação ao uso de dados pessoais para monitorar a COVID-19.

Nova York contrata cerca de 17.000 rastreadores, na Califórnia são pelo menos 10.000, e o modelo está sendo adotado por outros estados, como Massachusetts, Maryland e Virgínia.

Albert Gidari, do Stanford Center for Internet and Society, afirma que os aplicativos serão melhores e mais rápidos que o rastreamento manual, lento e impreciso, realizado por pessoas.

Outros especialistas dizem que a pandemia é tão desafiadora que requer uma combinação de rastreamento humano e digital.

Standley não descarta a fórmula: "Pode haver um benefício adicional em incluir tecnologias digitais juntamente com o rastreamento tradicional".

Embora as políticas de rastreamento de vírus sejam otimizadas, os Estados Unidos são o país com o maior número de infecções relatadas, mais de 1,6 milhão de pessoas e quase 98.000 mortes, segundo a contagem da Universidade John Hopkins. 

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