EUA define como ''grande passo'' decisão do Panamá de não renovar acordo com a China
Rubio, que visitou o país no fim de semana na tentativa de conter seus laços com Pequim, chega à Costa Rica com o mesmo objetivo
O secretário de Estado americano, Marco Rubio, classificou a decisão do Panamá de não renovar sua participação na Iniciativa Cinturão e Rota (ICR), plano de infraestrutura global da China, classificando-a de “um grande passo à frente” para aprofundar suas relações com os Estados Unidos.
Nesta terça-feira, ele desembarcou na Costa Rica, também com a missão de conter os chineses e aprofundar a diplomacia do governo Trump.
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Após conversas no fim de semana com o secretário dos EUA, o presidente panamenho, José Raúl Mulino, afirmou que o amplo acordo de seu país para contribuir com a iniciativa chinesa não será renovado e poderá ser encerrado antecipadamente. Ele disse que o acordo deveria expirar em dois ou três anos, mas não entrou em detalhes.
"É uma decisão lamentável" porque "é uma iniciativa econômica" e "não tem nada a ver com nenhuma agenda política", reagiu o representante permanente da China nas Nações Unidas, Fu Cong.
Segundo Cong, a iniciativa, que conta com a adesão de mais de 100 países, impulsionou o desenvolvimento global com novos portos, pontes, ferrovias e outros projetos.
Rubio disse que o anúncio do presidente panamenho é um exemplo da liderança do presidente Donald Trump, para "proteger a segurança nacional" e "proporcionar prosperidade" ao povo americano.
Apesar de nunca ter se pronunciado especificamente sobre a participação panamenha na ICR, o presidente republicano vinha criticando a presença da China no Canal do Panamá, acusando Pequim de controlar a via pelo fato de uma subsidiária de uma companhia baseada em Hong Kong operar portos em suas duas extremistas.
Mas, apesar da operação de Hong Kong, o Panamá tem operado o canal por conta própria desde que os EUA lhe transferiram o controle em 1999 por meio de tratados bilaterais. Além disso, há outros pontos na via operados por empresas que não são chinesas, incluindo um gerenciado por um consórcio americano-panamenho.
Próxima parada, Costa Rica
Dando seguimento a seu primeiro giro como secretário de Estado, Rubio chegou nesta terça-feira à Costa Rica, que, assim como o Panamá, é uma parceira de longa data dos EUA que nos últimos anos recebeu cada vez mais investimentos de Pequim.
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Em 2007, a Costa Rica rompeu relações com Taiwan, ilha governada democraticamente que a China reivindica como parte de seu território, um marco seguido por outros países latino-americanos. Mas as relações com a China se tornaram mais turbulentas nos últimos anos, o que faz com que autoridades americanas vejam o país com esperança.
O presidente costa-riquenho, Rodrigo Chaves, que se encontrará com Rubio, proibiu a gigante chinesa de tecnologia Huawei de apresentar uma proposta para a rede 5G em 2023 devido à recusa de Pequim em assinar um acordo internacional sobre crimes cibernéticos.
— O presidente Chaves tem sido um grande líder naquele país ao reconhecer a ameaça representada pela China — disse recentemente Mauricio Claver-Carone, enviado especial dos EUA para a América Latina.