Redes

Facebook vai restaurar páginas de notícias na Austrália

Na semana passada, o Facebook bloqueou a publicação de links de notícias e as páginas dos meios de comunicação em todo país

FacebookFacebook - Foto: Agência Brasil

O Facebook anunciou nesta terça-feira (23) que suspenderá nos próximos dias o bloqueio na Austrália das páginas de notícias, depois que o governo aceitou fazer emendas à lei que pretende obrigar os gigantes tecnológicos a pagarem os meios de comunicação por seus conteúdos.

O ministro australiano das Finanças, Josh Frydenberg, e o diretor-geral do Facebook Austrália, Will Easton, afirmaram que chegaram a um acordo sobre um dos pontos cruciais da lei, a primeira do tipo no mundo e que tem a firme oposição dos gigantes da Internet.

"Como resultado das mudanças, agora podemos trabalhar para estimular nosso investimento em jornalismo de interesse público e restabelecer nos próximos dias as notícias no Facebook para os australianos", declarou Easton.

 

"Estamos felizes de fechar um acordo com o governo australiano e apreciamos as discussões construtivas que tivemos", completou.

Na semana passada, o Facebook bloqueou a publicação de links de notícias e as páginas dos meios de comunicação em todo país.

Várias páginas do Facebook de serviços de emergência também foram afetadas de forma involuntária.

A medida de represália provocou indignação na Austrália e em muitos países. O primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, não escondeu sua revolta e acusou o Facebook de ter tomado uma decisão "hostil".

O Facebook tem entre 16 e 18 milhões de usuários no país de 25 milhões de habitantes, segundo a imprensa local.

O anúncio significa que Facebook e Google não serão penalizados desde que alcancem acordos com os grupos de imprensa em troca do uso de seus conteúdos.

Um prazo adicional de dois meses foi concedido para a negociação dos compromissos.

"Feliz"

"Chegamos a um acordo que nos permitirá apoiar os grupos de imprensa que escolhemos, incluindo os pequenos e os locais", declarou o vice-presidente do Facebook responsável por associações de notícias globais, Campbell Brown.

Desde o início, as grandes empresas do setor de tecnologia insistiram na oposição a esta lei que pretende regulamentar as relações entre a mídia tradicional, que enfrenta grandes dificuldades financeiras, e os gigantes que dominam a Internet. 

As "big tech" não queriam que as negociações com os grupos de imprensa fossem obrigações e que, em caso de conflito, um árbitro independente australiano fosse o responsável por uma decisão.

As empresas temiam um precedente que ameace seu modelo econômico.

De acordo com as autoridades australianas de concorrência, o Google capta 53% da publicidade no país, e o Facebook, 28%, enquanto o restante é distribuído entre outros personagens do mercado, como empresas de mídia, algo insuficiente para financiar o jornalismo de qualidade.

A crise da imprensa se agravou com a crise econômica provocada pela pandemia do coronavírus. Na Austrália, dezenas de jornais fecharam, e centenas de jornalistas perderam o emprego.

Ao contrário do Facebook, o Google, que em um determinado momento ameaçou suspender sua ferramenta de buscas na Austrália, aceitou na semana passada pagar "quantias significativas" em contrapartida aos conteúdos de grupos de imprensa, incluindo a News Corp. de Rupert Murdoch e a Nine Entertainment.

"Não há nenhuma dúvida de que a Austrália leva adiante uma batalha por procuração para o conjunto do planeta", afirmou Frydenberg.

De fato, o mundo inteiro acompanha de perto a iniciativa australiana. Se Google e Facebook parecem ter chegado a uma solução no país, isto não significa o fim de seus problemas.

União Europeia, Canadá e outros países também examinam a regulamentação do setor.

Veja também

Justiça do Vietnã pede pena de morte para empresária por fraude de US$ 12,5 bilhões
MUNDO

Justiça do Vietnã pede pena de morte para empresária por fraude de US$ 12,5 bilhões

Eleitores latinos têm aumento recorde nos EUA, e republicanos ganham terreno
ESTADOS UNIDOS

Eleitores latinos têm aumento recorde nos EUA, e republicanos ganham terreno