Educação

Faculdades usam robô para corrigir provas e criar trilhas de estudo

Em tese, esses robôs devem assumir atividades repetitivas, deixando os professores com mais tempo para criar conteúdos

Oficina de Robótica do Instituto PeróOficina de Robótica do Instituto Peró - Foto: Divulgação

A inteligência artificial já é usada por instituições de ensino superior do país para realizar tarefas como tirar dúvidas de estudantes, corrigir questões dissertativas e avaliar o conhecimento prévio de um aluno.

Embora as experiências ainda sejam em escala pequena, a promessa é que essas novas ferramentas permitam que um grande número de estudantes tenha acesso a uma educação personalizada.

Em teoria, esses robôs devem assumir atividades repetitivas, deixando os professores com mais tempo para criar conteúdos e melhorar o relacionamento com os alunos. Mas nem sempre essa automação é bem vista.

A Universidade Anhembi Morumbi se envolveu em uma polêmica em maio ao usar inteligência artificial para corrigir questões dissertativas sem informar aos estudantes.

"A ferramenta está em teste. Começamos em novembro, com uma questão, em provas de cinco disciplinas online. Os professores corrigiram também, para calibrarmos o sistema", diz Sara Martins, vice-presidente acadêmica da rede Laureate, grupo ao qual pertence a instituição.

Segundo Martins, a universidade falhou na comunicação. "Esse algoritmo é um recurso inovador, mas faltou falar sobre ele do jeito certo para nosso estudante", afirma.

Ela diz que os resultados dos testes têm sido positivos, mas a decisão sobre a adoção da ferramenta em larga escala vai ser tomada no final do ano.

Para ela, certas tecnologias ainda assustam alunos e professores. "As pessoas vivem falando que a educação não evolui, mas quando trazemos ferramentas como essa nem todos veem com bons olhos."

Muitos, contudo, não se importam de serem avaliados por máquinas. Há dois anos assinante da LIT, plataforma de cursos online da Saint Paul Escola de Negócios, o consultor Kennedy Sophia Júnior, 35, aprova o trabalho feito por Paul, um chatbot que tira dúvidas dos alunos.
"Minha única crítica é que ainda não está disponível para todos os cursos. Seu uso precisa ser expandido", afirma.

Kennedy começou um MBA presencial na Saint Paul, mas precisou parar o curso por causa de uma viagem. No retorno ao Brasil, conheceu a plataforma e preferiu o modelo online. "O LIT consegue direcionar para o que você realmente precisa aprender", diz.
Fazendo perguntas, o sistema mapeia o que a pessoa sabe e sugere trilhas de estudo.

Adriano Mussa, idealizador do LIT e diretor acadêmico da Saint Paul, acredita que, dois anos depois do lançamento da ferramenta, a inteligência artificial já não assuste mais os professores da instituição.

"No início, chamei os 400 docentes para trabalhar nisso, mas só cinco quiseram. Hoje temos fila de professores para ensinar o Paul", conta.
Algumas vezes, a inteligência artificial trabalha apenas nos bastidores, para melhorar processos das instituições.

Na Uniasselvi, há robôs conferindo documentos e dirigindo estratégias de captação de novos alunos. A universidade agora iniciou um terceiro uso da tecnologia, desta vez para encontrar padrões entre alunos que completam o curso -e, assim, buscar estratégias para combater a evasão.

"A cada aprovado no vestibular, incorporamos no sistema o conteúdo que ele consome e a frequência que acessa a plataforma", diz Luiz Foreaux, diretor da universidade.

Uma barreira para a adoção ampla da inteligência artificial na educação é o alto custo, acredita Thiago Chaer, diretor-executivo da aceleradora de startups Future Education. "Esses sistemas precisam de um volume grande de dados para criar padrões. E tem um trabalho humano por trás, para o qual hoje poucas pessoas têm competência."

 

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