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Falta à esquerda capacidade de dialogar, diz Luciano Huck, em Davos

Confira a entrevista com o apresentador Luciano Huck

Empresário Luciano HuckEmpresário Luciano Huck - Foto: Divulgação

O apresentador Luciano Huck, que chegou a cogitar a candidatura à Presidência em 2018, acha que a esquerda brasileira não mostra hoje capacidade e disposição a dialogar.

Já o governo de Jair Bolsonaro, cujas propostas econômicas ele elogia, concentra pessoas com mais de 60 anos, em um momento em que a política precisa de renovação e modernização.

Diálogo e renovação são as ferramentas que Huck, alguém que afirma querer participar mais da política mas evita citar candidatura, sugere para tentar cicatrizar as feridas abertas na última eleição.

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Em Davos para participar da reunião anual do Fórum Econômico Mundial -ele interrompeu as férias para debater em um painel sobre reconstrução da confiança da sociedade-, ele falou à reportagem nesta sexta (25), último dia do evento.

Pergunta - O que falta para reconstruir a confiança da sociedade na política?
Luciano Huck - Temos que fazer uma construção de novas lideranças, o maior investimento que a gente pode fazer nos anos que estão aí é tentar construir um projeto de país que priorize as pautas que eu acho que de fato são transformadoras, sobretudo educação, redução de desigualdade no Brasil. E para implementar essas pautas você precisa de lideranças novas.
Fiquei aqui no Fórum três, quatro dias e você vê quão sexy está o resto dos assuntos, investimento de impacto, tentando lapidar um capitalismo 4.0 que se adeque aos novos tempos. E quando você vai falar de política você ouve os discursos e vê como ainda são antigos, com assuntos antigos. A gente tem que tentar um esforço grande para fazer as discussões políticas, de governo, institucionais de um jeito sexy, mais moderno, e em paralelo formar novas lideranças que possam colocar essas coisas em prática.

P - No atual governo e nos últimos falta despertar para essa modernização?
LH - Não é uma crítica, é uma constatação. Se você olhar o gabinete formado nesse novo governo, sem julgamento de mérito da capacidade ou das ideias, a grande maioria tem mais de 60 anos.
A gente tem que formar novos líderes, pessoas com uma cabeça mais moderna. O que a gente mais precisa no Brasil neste momento é diálogo. E acho que esse fórum é um território muito fértil para o diálogo, com gente de opiniões diferentes discutindo ideias e tentando concluir alguma coisa sobre como a gente pode fazer um mundo mais justo e mais eficiente.

P - Como você pretende participar desse processo?
LH - Já estou. Já entendi, e meu papel na televisão nos últimos 20 anos foi importante, mas eu quero fazer mais coisa. Como é que eu poderia efetivamente, posso participar e tentar ajudar com princípios novos e virtuosos para as próximas décadas. Eu acho que esta eleição, essa renovação que a gente conseguiu no Legislativo principalmente, é um dos primeiros passos que a gente tem que dar de uma jornada longa. Não é um projeto pessoal, pontual, é um chamamento geracional.

P - E como sociedade, o que falta nesse momento, que estamos tão polarizados? Onde a gente se perdeu?
LH - As feridas estão abertas. E quando se está com a ferida aberta qualquer agente externo arde, temos que contribuir para cicatrizar, e isso se dá por meio do debate, do diálogo principalmente. É isso que precisamos fazer, apoiar as agendas positivas, criticar as que você não concorda, dialogar.

P - Falta ao atual governo e à esquerda essa disposição?
LH - À esquerda falta, nesse momento, a capacidade e a boa vontade de dialogar. Graças a Deus o último governo do PT tinha péssima capacidade de execução, porque tinham péssimas ideias, e se tivessem capacidade de execução seria pior ainda, e agora, este novo governo, do ponto de vista econômico tem boas ideias, claras, e agora vamos ver qual a capacidade de execução daqui para frente. E nas pautas nas quais a gente não concorda, que não são poucas, a gente vai ter que ficar vigilante e ter a capacidade de dialogar, criticar e apontar caminhos.

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