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Artigo científico

Febre do Oropouche: estudo analisa impacto do vírus durante a gravidez

Uma das autoras de artigo em revista internacional, secretária de Saúde de Rio Formoso, Neijla Cardoso, explica importância de pesquisa para melhor compreensão dos efeitos do vírus na gestação

Niejla Cardoso, secretária de saúde de Rio Formoso Niejla Cardoso, secretária de saúde de Rio Formoso  - Foto: Matheus Ribeiro / Folha de Pernambuco

Local dos primeiros casos de Febre do Oropouche em Pernambuco, o município de Rio Formoso, na Mata Sul do estado, teve papel fundamental para a publicação de um artigo na revista científica "Viruses", da editora MDPI, com sede em Basel, na Suíça.

O estudo "Impacto do vírus Oropouche na gravidez: evidência de transmissão vertical e perda fetal" [título traduzido] teve a publicação aprovada no dia 5 de junho e comprovou com análises de casos a transmissão do vírus de mãe para filho durante a gestação.  

Em visita à Folha de Pernambuco, nessa quinta-feira (3), a secretária de Saúde de Rio Formoso, Neijla Cardoso, comentou sobre a importância do estudo para a melhor compreensão dos efeitos do vírus na gravidez e o desenvolvimento de métodos de prevenção para mitigar os riscos.

Além de Rio Formoso, os casos analisados pelo estudo aconteceram em outros três municípios pernambucanos: Maraial, Ipojuca e Jaqueira, localizados na Zona da Mata.

Primeiro caso
De acordo com a gestora municipal, o caso de Rio Formoso, que envolveu uma gestante de 28 anos e 30 semanas de gestação, foi o primeiro com a comprovação da morte fetal.

"Foi uma gestante que chegou com sintomas de arboviroses. Pelo protocolo que temos implantado, conseguimos fazer a coleta antes da gestante ser encaminhada para o Recife. Já era o segundo filho, numa gestação tranquila, fazendo pré-natal. Nossa equipe conseguiu fazer a coleta e, quando chegou ao Recife, disseram que o bebê morreu”, iniciou Neijla. 

Após a situação, a secretária de saúde de Rio Formoso destacou que foram feitas as coletas da mãe e do feto. "Através desse trabalho, conseguimos fechar o diagnóstico de que, além de ter tido a transmissão vertical, confirmou-se que tinha sido o vírus da Febre Oropouche que matou o feto”.

Autores
O estudo publicado na revista internacional teve mais de 20 autores, junto com Neijla Cardoso e a Secretaria de Saúde de Rio Formoso.

Entre os colaboradores da pesquisa, estão a Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE), Instituto Evandro Chagas, Universidade Estadual do Pará, Instituto Aggeu Magalhães (Fundação Oswaldo Cruz) e outras instituições e pesquisadores. 

Segundo Neijla Cardoso, a aparição do vírus do Oropouche foi algo que, no primeiro momento, causou sustos, mas a gestora acredita que o trabalho desenvolvido para a identificação rápida é algo positivo. 

"Se você tem suas vigilâncias bem atuantes dentro do município, você consegue de alguma forma contribuir para que seja identificado qual é a doença que está circulando. A atuação tanto de Rio Formoso como de todos os municípios que têm esse perfil epidemiológico é justamente ficar vigilante", analisou.

Atualmente, Rio Formoso tem como ações de prevenção a distribuição de repelentes para grávida e a recomendação das gestantes estarem sempre com roupas de manga comprida nos horários de maior movimentação do mosquito conhecido como maruim, às 5h e entre 16h e 18h.

Incentivo
A publicação da revista significa, na visão da gestora municipal, foi um passo importante para o incentivo a mais pesquisas relacionadas ao tema. 

“Estamos engatinhando nesta questão da [febre] Oropouche. Ela é muito parecida, por exemplo, com o vírus da zika, principalmente com a transmissão vertical, mas ainda tem muitas incógnitas para a gente identificar. E para isso, o papel do trabalho científico é divulgar a questão da importância de se investigar mais, além de mexer nas gestões federais, estaduais e municipais para esse tipo de trabalho. Não só para entender como se comporta a doença, mas principalmente evitar mais óbitos, que é o principal objetivo das pesquisas", concluiu.

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