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América do Sul

Filho do presidente da Colômbia é preso por lavagem de dinheiro

O político foi detido ao mesmo tempo que sua ex-mulher Daysuris Vásquez, que o acusou de ter ligação com traficantes de drogas e contrabandistas

Gustavo e Nicolás PetroGustavo e Nicolás Petro - Foto: Eitan Abramovich/AFP

Nicolás Petro, filho mais velho do presidente da Colômbia, Gustavo Petro, foi preso neste sábado (29) por suspeita de lavagem de dinheiro e enriquecimento ilícito, em um escândalo relacionado à campanha presidencial, informou o Ministério Público (MP).

O político, 37, foi detido às 6h locais, na cidade de Barranquilla, ao mesmo tempo que sua ex-mulher Daysuris Vásquez, que o acusou de ter ligação com traficantes de drogas e contrabandistas.

O MP anunciou a prisão do filho do presidente "pelos crimes de lavagem de dinheiro e enriquecimento ilícito", e de sua ex-mulher por "lavagem de dinheiro e violação de dados pessoais".

Por volta das 14h locais, Nicolás Petro chegou a Bogotá sob um forte esquema de segurança.

Pouco depois das 20h00 (22h00 em Brasília), o MP transmitiu ao vivo aquela que seria a primeira audiência dos detidos perante um juiz, mas foi adiada devido à ausência da defesa de Vásquez. Na transmissão, Petro apareceu de boné branco e paletó preto ao lado da ex-cônjuge.

Após uma infidelidade, Daysuris Vásquez disse à revista "Semana", em março, que Nicolás Petro teve uma vida de luxo com as grandes quantias de dinheiro que teria recebido para a campanha eleitoral do atual presidente.

Gustavo Petro, que, segundo a denúncia, não sabia dos pagamentos, lamentou a notícia e afirmou que irá garantir a independência da Justiça.

"Meu filho Nicolás e sua ex-mulher foram capturados pelo Ministério Público. Como pessoa e pai, tanta autodestruição me dói muito, e que um dos meus filhos passe pela cadeia", publicou Petro no Twitter, renomeado X. "Como afirmei perante o procurador-geral, não irei intervir ou pressionar suas decisões; deixe que a lei guie livremente o processo", acrescentou.

Vida de luxo
O próprio presidente pediu a abertura de uma investigação contra seu primogênito, em meio ao escândalo que abala o primeiro governo de esquerda da Colômbia.

Nicolás nasceu quando Gustavo Petro estava na guerrilha M-19 e vivia na clandestinidade. Recentemente, o presidente afirmou que não acompanhou o seu crescimento, como fez com seus outros cinco filhos após assinar a paz.

Até as revelações de Daysuris Vásquez, Nicolás era deputado pelo movimento político do presidente, o Pacto Histórico, no departamento de Atlântico. A mídia publicou seus extratos bancários, muito superiores ao salário correspondente a esse cargo. Suas despesas incluíam compras de joias e roupas de luxo.

Ali e em toda a costa caribenha tornou-se um homem-chave nas aspirações de seu pai. Era uma região historicamente relutante à esquerda, mas em 2022 acabou catapultando Petro para a presidência.

Na entrevista, Daysuris garantiu que o ex-traficante e ex-contrabandista Samuel Santander Lopesierra, que cumpriu 18 anos de prisão por narcotráfico nos Estados Unidos, entregou a Nicolás Petro o equivalente a cerca de 124 mil dólares (585 mil reais) para a campanha, mas que este último ficou com o dinheiro.

Daysuris afirma que seu ex-marido nunca conversou com Gustavo Petro sobre essas movimentações.

Sob a lupa
Em outro escândalo, relacionado a escutas telefônicas ilegais, o ex-embaixador da Colômbia na Venezuela, Armando Benedetti, ameaçou expor supostas irregularidades na campanha presidencial de Petro nos departamentos caribenhos.

Em conversas vazadas pela imprensa com a ex-braço direito do presidente e ex-chefe de gabinete, Laura Sarabia, Benedetti insinua um suposto envolvimento de Nicolás Petro nessas irregularidades.

"Tenho alguns indícios por causa de Nicolás. Sempre tive indícios muito sérios do que estava acontecendo. Quando saiu a denúncia contra ele, comecei a montar o quebra-cabeça, viajei para Cartagena, na semana seguinte, e perguntei o que foi o que aconteceu e eles me contaram algumas histórias", disse o ex-diplomata à Semana no início de junho, sem entrar em detalhes.

Em 18 de julho, Sarabia compareceu perante o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) e negou ter conhecimento do dinheiro da campanha, enquanto Benedetti foi intimado pela autoridade, mas não compareceu.

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