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RÚSSIA

General que teria informações sobre motim do Grupo Wagner é preso na Rússia, diz jornal

Sergei Surovikin foi visto publicamente pela última vez no sábado

Ministro da Defesa da Rússia, Sergei Shoigu (ao centro)Ministro da Defesa da Rússia, Sergei Shoigu (ao centro) - Foto: divulgação / Ministério da Defesa da Rússia/ AFP

O general russo Sergei Surovikin, ligado à ala do Exército russo mais próxima ao líder mercenário Yevgeny Prigojin, foi preso, aparentemente para interrogatório, informaram fontes russas nesta quarta-feira. Surkovin foi citado por fontes americanas como tendo conhecimento do plano de motim de Prigojin antes da rebelião ser consumada.

De acordo com o jornal russo The Moscow Times, citando fontes próximas ao Ministério da Defesa, Sutovikin foi preso e não é visto em público desde sábado, dia em que a rebelião foi contida. Segundo blogueiros militares russos mencionados pela publicação, o general estaria há três dias sem entrar em contato com a família, provavelmente no centro de detenção Lefortovo, em Moscou.

— Aparentemente, ele [Surovikin] escolheu o lado de Prigojin durante o levante, e ele o pegaram — disse uma fonte citada pela publicação.

O nome de Surokin circulou na imprensa Ocidental na terça-feira, após o The New York Times, citando fontes de inteligência americana, noticiar que o general teria informações sobre o levante mercenário antes dele ser consumado.

Autoridades americanas disseram que tentam descobrir se Surovikin, ex-comandante russo na Ucrânia, ajudou a planejar as ações de Prigojin no fim de semana passado, que representaram a ameaça mais dramática ao presidente Vladimir Putin em seus 23 anos no poder. No entanto, o Kremlin afirmou que as informações americanas são "fofocas" e que há uma forte unidade de apoio ao presidente. Não negou explicitamente, contudo, o conteúdo da reportagem do New York Times — o Ministério da Defesa russo também não respondeu o Moscow Times sobre a prisão do general.

— Sempre haverá muitas especulações, fofocas e afins ao redor desses eventos. Acho que esse é um dos exemplos disso — disse o porta-voz Dmitry Peskov. — O Exército, a população, todos estão ao lado do presidente.

Surovikin é um líder militar respeitado que ajudou a fortalecer as defesas nas linhas de batalha após a contraofensiva da Ucrânia no ano passado, dizem analistas. Ele foi substituído como o principal comandante em janeiro, mas manteve a influência na condução das operações de guerra e continua popular entre as tropas.

Autoridades americanas também disseram que há sinais de que outros generais russos também podem ter apoiado a tentativa de Prigojin de mudar a liderança do Ministério da Defesa pela força. Ex-funcionários dos EUA disseram que Prigojin não teria lançado seu levante a menos que acreditasse que outras pessoas em posições de poder viriam em seu auxílio.

Se Surovikin estivesse envolvido nos eventos do fim de semana passado, seria o mais recente sinal da luta interna que caracterizou a liderança militar da Rússia desde o início da guerra de Putin na Ucrânia e poderia sinalizar uma fratura mais ampla entre os partidários de Prigojin e os dois principais conselheiros militares de Putin: Sergei Shoigu, o ministro da defesa, e o general Valery Gerasimov, chefe do Estado-maior.

Mas a luta interna também pode definir o futuro das Forças Armadas russas no campo de batalha na Ucrânia à medida que as tropas apoiadas pelo Ocidente lançam uma nova contraofensiva destinada a tentar reconquistar território. Putin agora deve decidir, dizem as autoridades, se acredita que Surovikin ajudou Prigojin e como deve responder.

Na terça-feira, a agência de inteligência doméstica russa anunciou que retirava as acusações criminais de “motim armado” contra Prigojin e membros de sua força. Mas se Putin encontrar evidências de que Surovikin ajudou Prigojin de forma mais direta, ele não terá escolha a não ser removê-lo de seu comando, dizem autoridades e analistas.

De acordo com um dos mais populares blogueiros militares russos, identificado apenas como Rybar, já está em curso no país uma espécie de expurgo contra comandantes de nível intermediário na hierarquia russa, que se recusaram a agir contra os homens do Wagner durante o levante.

Motim buscava prisão de Shoigu e Gerasimov
O líder do grupo paramilitar Wagner, Yevgeny Prigozhin, tinha a intenção de prender os chefes das Forças Armadas russas, mas eles descobriram seus planos, obrigando-o a antecipar a rebelião da semana passada, informou The Wall Street Journal nesta quarta-feira.

De acordo com a publicação, que cita funcionários ocidentais não identificados, Prigojin queria prender o ministro da Defesa, Sergei Shoigu, e o chefe do Estado-Maior, general Valery Gerasimov, durante uma viagem planejada ao sul do país. Mas o serviço de segurança nacional russo FSB descobriu o plano, e Shoigu e Gerasimov mudaram a viagem, observa o jornal.

Isso teria forçado Prigojin a antecipar seus planos e, na sexta-feira, suas forças tomaram o quartel-general de Rostov-no-Don, um importante centro de comando e logística para a guerra na Ucrânia, antes de iniciar uma marcha rumo a Moscou.

No sábado, o chefe paramilitar recuou. Na segunda-feira, explicou que sua intenção era salvar a organização, e não tomar o poder.

O comandante da Guarda Nacional Russa, Viktor Zolotov, citado pela agência de notícias russa Interfax, estimou que a rebelião foi "preparada" pelos serviços de Inteligência ocidentais que "estavam a par dela semanas antes de começar".

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