Golpe em site de vendas causa prejuízos de milhares de reais
Estelionatários atuam como compradores e vendedores, deixando cerca de 50 vítimas em Pernambuco
Nos últimos seis meses, somente em Pernambuco, cerca de 50 pessoas foram vítimas de um golpe no qual estelionatários utilizam anúncios em sites como o OLX, e geram prejuízos que chegam a R$ 150 mil.
Em coletiva realizada ontem, no Departamento de Repressão aos Crimes Patrimoniais (Depatri), o delegado adjunto da Polícia Civil, à frente das investigações, Fouzer Palitot, apontou que no esquema, aparentemente praticado por várias quadrilhas, um mesmo indivíduo engana o vendedor e o comprador do veículo anunciado na internet.
Inicialmente, conversa com o anunciante, diz que está interessado em adquirir o veículo pelo valor ofertado e aponta que um intermediário oficializará a compra. "Ele pede que o vendedor repasse as fotos e tire o anúncio do site. Então, vem o segundo momento, em que ele cria no mesmo site um anúncio falso do veículo, se passando por proprietário", aponta o delegado.
O anúncio falso criado, com preço abaixo do mercado, rapidamente atrai compradores. Quando alguém se interessa pelo veículo, o estelionatário afirma que a venda será oficializada também por um intermediário. Durante todo o tempo, o criminoso atua pelo WhatsApp, de qualquer lugar do Brasil, e arranja o encontro entre o vendedor e o comprador real.
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Eles encontram-se sem perceber que são, ao mesmo tempo, intermediários e vítimas do golpe. "O estelionatário cria diversas histórias fantasiosas para que no encontro as pessoas não conversem sobre detalhes do negócio. As pessoas ávidas em realizar um bom negócio acreditam e acabam saindo no prejuízo", explica.
Via de regra, as vítimas vão juntas ao banco e o comprador transfere o dinheiro na conta indicada pelo estelionatário. O vendedor não desconfia, pois acredita que o valor será repassado para sua conta. Caso as vítimas não desconfiem do golpe, ainda pode haver a transferência do bem em cartório, aumentando ainda mais o prejuízo.
O delegado da Depatri Rômulo Aires ressaltou que os casos registrados na delegacia são apenas os que o prejuízo da vítima é superior a 40 salários mínimos (cerca de R$ 40 mil). "Acreditamos que o número de casos seja bem maior, com motos e outros bens de menor valor. Esses casos devem ser registrados em delegacias do distrito em que ocorreram", afirma. O maior prejuízo registrado até o momento foi R$ 150 mil de um golpe aplicado na falsa venda de um caminhão.
Em nota, a OLX se pronunciou:
A OLX esclarece que não teve acesso a detalhes deste caso e, por isso, não foi possível investigar ou tomar as devidas providências. A empresa reitera que sua atividade consiste na disponibilização de espaço para que usuários possam anunciar e encontrar produtos e serviços de forma rápida e simples. Diariamente, mais de 200 mil pessoas vendem seus produtos com sucesso por meio da plataforma. Toda a negociação é realizada fora do ambiente do site e do aplicativo, portanto, a empresa não faz a intermediação nem participa de qualquer forma das transações, que são feitas diretamente entre os usuários.
A ferramenta foi criada para auxiliar no desenvolvimento social e econômico do país e os usuários devem respeitar os Termos e Condições de Uso do site (http://go.olxbr.com/termos-condicoes-olx). Infelizmente, eventualmente as ferramentas disponíveis no mercado são utilizadas por terceiros de má índole. A OLX condena este tipo de atitude, pois ela vai contra as regras da empresa.
E por mais que as transações sejam realizadas fora do ambiente do site e aplicativo, a empresa preza em proporcionar uma boa experiência aos seus usuários. Para isso, oferece dicas para o momento da compra ou da venda e disponibiliza ferramentas para aprimorar a plataforma constantemente.
Recentemente, a OLX fechou dois acordos estratégicos com empresas que são referência em serviços no mercado de compra e venda de autos. Em parceria com o Itaú Unibanco, a plataforma oferece a ferramenta Compra e Venda Protegida, um serviço que guarda o sinal da transação de um veículo até que as partes envolvidas autorizem o pagamento para o vendedor. Isso proporciona um prazo para que as partes façam as conferências necessárias - documentos, verificação mecânica no automóvel etc. - antes de finalizar a transação.
Além disso, a plataforma também disponibiliza a consulta online Checkauto, da DEKRA, na qual os interessados por um carro podem verificar, por meio do número da placa, a procedência do veículo, a existência de débitos ou restrições, passagem por leilão, documentação e até mesmo a existência de recall no modelo do veículo, além de mais 40 informações importantes na hora de escolher um veículo seminovo ou usado.
Vale ressaltar que a empresa disponibiliza um botão de denúncia em todos os anúncios publicados, possibilitando que qualquer pessoa denuncie eventuais práticas irregulares ou conteúdos indevidos. Identificada a irregularidade, a OLX conta com uma equipe especializada que atua sobre as denúncias, deletando os anúncios e banindo o mau usuário da plataforma.
A OLX reitera, ainda, que está sempre à disposição das autoridades para colaborar no que for necessário para a apuração dos fatos.
Atenciosamente, time OLX.
Não caia no golpe
Além de estar atento a situações similares às citadas na matéria, outros cuidados básicos devem ser tomados para evitar o golpe. A Polícia Civil alerta que a pessoa que quer comprar qualquer coisa pela internet não deve aceitar intermediação de terceiro e sempre desconfiar de preços e condições muito vantajosas.
Além disso, nunca deve transferir ou depositar dinheiro para terceiros e nem transferir o bem sem verificar se, de fato, o dinheiro entrou na conta. Qualquer comprovante repassado por WhatsApp deve ser visto com desconfiança. Outro cuidado importante é printar ou fotografar o anúncio, uma vez que o código localizado no canto inferior esquerdo pode ajudar a descobrir de onde o estelionatário agiu.
Uma vez que o golpe é executado, no entanto, a chance das vítimas reaverem o dinheiro é pequena. O procedimento é registrar um boletim de ocorrência e procurar a Justiça. Em outros casos ocorridos no Brasil, quando o estelionatário não é identificado, o prejuízo tem sido repartido entre comprador e vendedor.