Google Doodle: Literatura do Cordel é comemorado nesta segunda (9)
A expressão artística remonta décadas de tradições e cultura viva do Nordeste do país
Quem abrir a página principal do Google nesta segunda (9) dará de cara com uma xilogravura em homenagem à Literatura do Cordel.
Considerado Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) desde 2019, o cordel reflete a história e tradição de milhões de brasileiros, espalhados principalmente pelo Nordeste do país.
Ainda que seu surgimento, aqui no Brasil, remonte ao período colonial, esse gênero revela uma cultura popular forte e presente até os dias atuais. Segundo Mônica Dias, professora de língua portuguesa do Escola Técnica Estadual José Alencar Gomes da Silva, o cordel é uma “forma de arte” que “dá voz às histórias, aos saberes e às experiências das comunidades do sertão, retratando tanto as dificuldades quanto as alegrias do cotidiano”.
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Como características principais, o cordel carrega consigo a métrica, rima e a oração em todas as suas obras. Os artistas se utilizam do folheto para recitar histórias que podem mesclar “crítica social, humor, religiosidade e sabedoria popular”, como acrescenta a professora.

Para realizar registros visuais, autores elaboram ilustrações conhecidas como xilogravuras, que vem do grego e significa "escrever" ou "gravar na madeira". A técnica envolve "imprimir" a gravura, da matéria-prima, em um papel, dando forma ao livreto conhecido nos dias de hoje.
"As xilogravuras, com seus traços marcantes, são verdadeiros retratos visuais do cotidiano, da religiosidade e da resistência cultural dessas populações. Juntas, palavra e imagem contam uma história que muitas vezes foi silenciada pelos registros oficiais", disse Mônica.
Susana Morais, bancária e educadora popular e cordelista há 20 anos, relata que tinha contato com a literatura de cordel devido às suas tradições familiares. Em suas obras, a artista aborda o amor, a resistência e o empoderamento feminino.
Em sua última escrita, chamada "Gírias e falares regionais", a autora diz que é "celebrado os diversos sotaques desse nosso país continental e, como o título sugere, é uma celebração ao Nordestinês e em especial ao Pernambuquês."

Apesar de décadas de resistência artística, existem barreiras enfrentadas para a perpetuação desse gênero no país. Segundo a Mônica Dias, parte dessa dificuldade envolve a xenofobia vivenciada por nordestinos e a falta de conhecimento da arte popular.
"Muitos cordelistas são vistos como artistas menores, o que dificulta o reconhecimento institucional e o apoio necessário à difusão e à valorização do gênero. Superar essas barreiras passa por ampliar o acesso ao cordel nas escolas, nos meios de comunicação e nas políticas culturais do país", declarou a especialista.