Governo colombiano enviará força pública a porto do Pacífico por causa da violência
Surgidas da cisão de um poderoso cartel de drogas, as principais organizações da cidade, conhecidas como Shottas e Espartanos, disputam o narcotráfico e a extorsão
O governo colombiano anunciou, nesta terça-feira (4), que reforçará a pressão militar e policial no maior porto do Pacífico, em resposta a vídeos divulgados nas redes sociais que mostram homens armados patrulhando as ruas de Buenaventura e amedrontando os moradores da cidade.
Leia também
• Vídeo extraordinário mostra baleia amamentando filhote na Colômbia; veja
• Lula vai a Colômbia participar de reunião sobre a Amazônia
Com fuzis nas mãos e encapuzados, diversos homens vestidos de preto lançam advertências a grupos rivais na cidade de aproximadamente 320.000 habitantes que sofre com a violência há décadas, segundo imagens que espalharam o terror no fim de semana.
"Definimos que vamos ter uma presença na quinta e na sexta-feira em Buenaventura (...) Vamos ampliar a capacidade para o controle urbano com forças militares e da polícia", anunciou o ministro da Defesa, Iván Velásquez, sem dar números, após um conselho de segurança sobre o tema na sede presidencial de Bogotá.
Quarenta por cento do comércio internacional da Colômbia passa pelo porto, uma cobiçada rota do narcotráfico para a América Central e o México.
Surgidas da cisão de um poderoso cartel de drogas, as principais organizações da cidade, conhecidas como Shottas e Espartanos, disputam o narcotráfico e a extorsão, segundo a inteligência militar.
A polícia não revelou à qual facção os homens armados do vídeo pertencem, mas ofereceu recompensas equivalentes a aproximadamente 48.000 dólares (R$ 230 mil na cotação atual) por informações que permitam identificá-los e capturá-los.
No âmbito de sua política de "paz total", o governo esquerdista de Gustavo Petro faz a mediação entre as duas facções para desativar os fuzis no porto. Em setembro, os grupos criminosos assinaram uma trégua.
"Ante a violência armada, estamos com vocês. Não estão sozinhos", escreveu, em um comunicado, o gabinete do alto comissário para a Paz, e anunciou que "nas próximas duas semanas" serão retomadas as mesas de diálogo com porta-vozes das organizações no porto.
"Pedimos aos grupos Shottas e Espartanos que se pronunciem publicamente rechaçando os atos de violência recentes e reiterando sua disposição para fazer parte da Paz Urbana", acrescentou.
Petro aposta em uma saída negociada para o conflito interno, que continuou apesar da assinatura de acordo de paz com a guerrilha das Farc em 2016.
Guerrilheiros, traficantes, paramilitares e agentes estatais se enfrentam há meio século em uma sangrenta guerra que já produziu mais de 9 milhões de vítimas, a maioria deslocados.