Governo federal vai apoiar comunidades terapêuticas com R$ 150 milhões
Em evento no Recife, o o secretário Nacional de Cuidados e Prevenção às Drogas, Quirino Cordeiro, anunciou os investimentos nas instituições que tratam usuários de drogas
Com críticas ao “viés ideológico” dos governos anteriores, o secretário Nacional de Cuidados e Prevenção às Drogas, Quirino Cordeiro, apresentou uma palestra sobre a nova política de drogas do governo federal, na tarde desta sexta-feira (6), no Recife. O evento, que ocorreu na Faculdade Senac, no bairro de Santo Amaro, no Centro, teve como intuito a capacitação de monitores e dirigentes de comunidades terapêuticas de Pernambuco.
Na ocasião, foram apresentadas as mudanças presentes na nova política de combate a drogas pelo governo federal, tendo como foco o financiamento de vagas nas comunidades terapêuticas brasileiras.
A palestra de Quirino Cordeiro, organizada pela Federação de Comunidades Terapêuticas Evangélicas do Brasil, teve como base a nova lei sobre drogas, sancionada pelo governo federal no último dia 5 de junho. Dentro da nova legislação, 14 pontos são alterados, incluindo a inserção de investimentos nas comunidades terapêuticas - muitas vezes mantidas por instituições espíritas e evangélicas. No evento, o secretário apresentou um aporte de R$ 150 milhões, que serão destinados a reserva de 11 mil vagas em 494 dessas organizações sociais, anualmente.
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Segundo o secretário, a medida tem como objetivo dar impulso a essas entidades que fazem o tratamento e acompanhamento de usuários de drogas. “É um trabalho muito importante que as comunidades terapêuticas vem fazendo de qualidade, no Brasil, nas últimas cinco décadas. Além dos investimentos de reserva de vagas, estamos trabalhando na capacitação dos profissionais dessas entidades. Lançamos, em parceria com a Universidade Federal de São Paulo, um curso chamado Compacta, para que a gente possa dar mais qualidade ao tratamento desses usuários”, explica Quirino Cordeiro.
Além de apresentar as propostas do governo federal às comunidades, o secretário aproveitou para criticar programas anteriores ao de Bolsonaro, incluindo a luta antimanicomial. “A luta antimanicomial trouxe conceitos completamente equivocados na organização de ofertas cuidados das pessoas com transtornos mentais e dependência química no Brasil. A luta vinha proclamando a necessidade de fechamento de serviços, por exemplo, de internação em hospitais psiquiátricos, comunidades terapêuticas e fechamento de ambulatórios de saúde mental no País. Isso levou a uma grande desassistência”, afirma, argumentando que houve um aumento de suicídios e encarceramento por causa dessas políticas.
Em outros momentos, o secretário chegou a afirmar que não existe uso medicinal da maconha e que há uma organização entre as instituições para legalizar o uso da droga no País. Está previsto para o dia 6 de novembro, o julgamento da liberação do porte de maconha no Supremo Tribunal Federal (STF). A discussão já estava prevista para o dia 5 de junho, mas foi adiada pelo supremo.
O evento contou com parceria da Federação Pernambucana de Comunidades Terapêuticas (Fepect) e apoio da Confederação Nacional de Comunidades Terapêuticas (Confenact). Além de Quirino Cordeiro, participaram da discussão políticos locais, como o deputado estadual Pastor Cleiton Collins (PP) e a vereadora do Recife Michele Collins (PP), que são militantes da causa.