Guarda de Carlinhos será disputada internacionalmente
Menino e pai foram encontrados na Argentina após 7 meses; juiz local deu guarda provisória ao pai
Em coletiva de imprensa realizada nesta segunda-feira (19), o Governo de Pernambuco informou que a guarda do menino Carlinhos Attias Boudoux, 9, será resolvida numa disputa judicial internacional. O Governo informou ainda que está tentando fazer com que as Justiças do Brasil e da Argentina trabalhem juntas para julgar o caso. Os consulados dos dois países também já foram notificados, além da autoridade central para a Convenção de Haia. Não há prazo para que o caso seja resolvido.
Agora, o Estado e a defesa da mãe do menino, Cláudia Boudoux, 39, estão reunindo documentos para fazer solicitação formal à autoridade brasileira e abrir um processo administrativo. O objetivo é que a Justiça ouça o pai e mãe da criança. Entre os documentos necessários, Cláudia precisa reunir provas de que tinha a guarda de Carlinhos. A questão, no entanto, será tratada pelas Relações Exteriores, que tentará mediar o caso.
Cláudia está em Buenos Aires, onde o ex-marido, o empresário argentino Carlos Attias, 53, e o menino foram achados na última quarta-feira (14), após cerca de sete meses do desaparecimento de ambos. No entanto, antes de chegar à cidade, Cláudia descobriu que a Justiça do país havia liberado os dois e dado a guarda provisória da criança ao pai. O juiz que concedeu a guarda, no entanto, não sabe que Carlinhos foi tirado da mãe sem o consentimento dela.
"Trabalhamos o fim de semana inteiro e vamos continuar trabalhando para agilizar o processo e fazer com que seja cumprido o que prevê as convenções internacionais das quais Brasil e Argentina são signatários. O importante é que a integridade física da criança seja garantida, assim como as relações parentais que mantém", afirmou o secretário estadual de Justiça e Direitos Humanos, Pedro Eurico.
Entenda o caso
Após sete meses de procura, o menino Carlos Attias Bourdoux, de 8 anos, conhecido como Carlinhos, foi encontrado na Argentina pela Polícia Federal, na última quarta-feira (14). O pai dele, o empresário argentino Carlos Attias, foi preso na cidade de Buenos Aires. O país já era considerado como o possível destino tomado pelo empresário argentino e o filho. O menino não viajou com o pai a contragosto. Attias se utilizou da alienação parental para convencê-lo.
Primeiro, o pai fez um acordo com a mãe da criança para retirar a medida protetiva que o impedia de chegar perto dos filhos, expedida por ter cometido maus-tratos contra toda a família. Depois, durante as visitas, começou a jogar as crianças contra a mãe. De acordo com Cláudia, as mais velhas não aceitaram, mas Carlinhos teria ficado confuso. O interesse do empresário argentino nos filhos teria começado quando a mãe iniciou um novo relacionamento.
Mesmo detendo a guarda familiar, Carlos Attías estava infringindo o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) por retirar a criança do convívio com a mãe. Com a federalização no caso, a polícia pernambucana passou a contar com o reforço do Interpol e da polícia Argentina.