Coronavírus

Há politização dos dois lados e Doria força a barra sobre vacina, diz líder de comissão da Câmara

Segundo o parlamentar, a repercussão da decisão de Bolsonaro de contradizer o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, é "uma crise artificial"

Governador de São Paulo, João DóriaGovernador de São Paulo, João Dória - Foto: Governo do Estado de São Paulo

Para o deputado federal Dr. Luizinho (PP-RJ), presidente da comissão externa da Câmara de acompanhamento das ações contra o coronavírus, a politização apontada em Jair Bolsonaro (sem partido) na discussão sobre a vacina do Instituto Butantan também acontece por parte do governador de São Paulo, João Doria (PSDB).

Segundo o parlamentar, a repercussão da decisão de Bolsonaro de contradizer o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, e anunciar que cancelará a compra de 46 milhões de doses da Coronavac, é "uma crise artificial".

"Quando o governo de São Paulo diz que terá a vacina a partir de novembro também está politizando. A vacina não foi validada nem na China ainda. Para quem conhece os prazos de validação, as coisas não são simples, e a gente navega num curso de incerteza. Estão politizando dos dois lados, governo de São Paulo e federal. Não tem motivo para discussão, é inócua", avalia Luizinho.

Ele diz que os dois lados estão saindo da parte técnica e tentando "adiantar um assunto que precisa ser consolidado".

"O próprio governo de São Paulo está forçando muito a barra. Quando vejo as falas, elas não correspondem com a realidade de quem está acompanhando o desenvolvimento da vacina. Não são compatíveis. As vacinas têm que passar pela fase 3 de testes, pela validação de agências internacionais, da Anvisa", afirma.

"Temos tido muito anúncio sem se preocupar com a efetividade", completa.

Ele atenta para a necessidade de agilizar a discussão sobre as condições logísticas para acondicionamento e aplicação da vacina que, segundo ele, não está sendo feita com a urgência necessária.

"Não podemos ficar esperando a vacina para tomar as providencias: precisa de agulha, seringa, geladeira, estabilizador. Vai acontecer o que acontecer há alguns meses, quando dissemos 'vem a pandemia, vem a pandemia', ela veio e não estávamos preparados. Tem um conjunto que tem que trabalhar junto", afirma.

Diante da contradição entre Pazuello e Bolsonaro, o deputado Alexandre Padilha (PT), membro da comissão, protocolou um pedido de convocação do ministro da Saúde para que ele explique as diferentes versões apresentadas pelo governo federal sobre a compra de vacinas contra a Covid-19.

"Agora que ele [Pazuello] conhece o SUS, tenho certeza que sabe que o Ministério da Saúde e a Anvisa não podem seguir a xenofobia ideológica de Bolsonaro", afirma o petista.

Luizinho diz que a convocação não será necessária, já que Pazuello atendeu a todos os convites feitos pela comissão. O ministro foi diagnosticado com coronavírus nesta quarta-feira (21).

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