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Habilitação da primeira motorista de Pernambuco é destaque de novo memorial do Detran

Exposição foi inaugurada nesta quinta-feira e homenageia servidor que, por 42 anos, cuidou de acervo

Primeira habilitação de Pernambuco, de 1915Primeira habilitação de Pernambuco, de 1915 - Foto: Cortesia

Quando as mulheres ainda nem tinham o direito de votar, uma pernambucana dava um passo pioneiro: tirava a habilitação para dirigir. Era 1928, época em que o Recife ainda começava a ser tomado pelos veículos automotores. Helena Ramiro Costa Abad, primeira mulher habilitada no Estado, com apenas 19 anos de idade, fez o exame da antiga Delegacia de Trânsito e ganhou o direito de conduzir um Ford Baratinha 1929. O nome dela saiu do anonimato a partir de uma pesquisa feita no acervo do atual Departamento Estadual de Trânsito (Detran-PE) e que deu origem a uma exposição permanente dentro da sede da autarquia, no bairro da Iputinga, na Zona Oeste da Capital.

O memorial, batizado de José Moreira em alusão ao ex-servidor que cuidou dos documentos guardados no Detran por 42 anos, expõe antigas carteiras de habilitação que contam um pouco da história do trânsito em Pernambuco na primeira metade do século 20. Na época, bondes e carroças davam o tom da mobilidade urbana. Para conduzi-los, aliás, era necessário ter habilitação, como para qualquer outro veículo. Preenchidos com letras impecáveis, como que por calígrafos, os prontuários continham muito mais que nomes e números. Traziam informações até sobre a cor dos olhos e da barba dos condutores. Portar os documentos não era nada prático. Alguns eram maiores que uma folha de papel tamanho A4 e tinham que ser cuidadosamente dobrados. É o caso daquele que acredita-se ser a primeira habilitação emitida no Estado. Datada de 1915, ela foi concedida pela Prefeitura do Recife a um homem que trabalhava como chofer.

O acervo também tem registros de habilitações de ex-ministros, ex-governadores e ex-prefeitos. Os de Marcos Freire e Paulo Guerra já foram encontrados na pesquisa. Além dos documentos, a exposição também mostra fotos da antiga sede do Detran, no bairro do Pina, na Zona Sul do Recife, e da construção da atual sede. O material está disponível ao público, no horário de funcionamento da autarquia, na sala de atendimento da CNH Popular. A abertura da exposição ocorreu nesta quinta-feira (21), em solenidade com a presença de gestores e demais funcionários do Detran e do arcebispo de Olinda e Recife, Dom Fernando Saburido, que celebrou uma missa de ação de graças.

Uma antiga habilitação do religioso, de 1978, também está exposta no memorial. Conforme o Detran, ele levou uma cópia para casa. "Essa ação que está ocorrendo aqui hoje é algo pioneiro em nosso País e que, certamente, vai inspirar outras iniciativas", afirmou Dom Fernando, em alusão ao fato de o Detran-PE ser o primeiro órgão executivo de trânsito a catalogar e expor parte de seu acervo.

Desde maio, a maior parte do material está sendo guardada em galpões da Companhia Editora de Pernambuco (Cepe) e passando por um processo de digitalização. O objetivo é organizar e preservar os documentos, que somam mais de 150 mil unidades. Em breve, farão parte de um sistema informatizado. "É de muita importância essa ação, visto que, aqui conosco, temos documentos de mais de 2,6 milhões de condutores. É uma parte da história de quase um terço da população de Pernambuco que está sendo preservada e recebendo o devido cuidado", avaliou o presidente do Detran-PE, Charles Ribeiro.

Ex-servidor

Responsável pelo início do trabalho de pesquisa que deu origem à exposição, o ex-servidor José Moreira morreu em novembro passado. Em julho de 2016, ele recebeu a Folha de Pernambuco em sua sala e passou uma tarde inteira mostrando prontuários antigos e passeando pela história. Seu sonho era ver todo o material organizado. "Se não der tempo, só espero que quem vier continue esse trabalho. Isso não é mero papel velho. Representa a história do nosso Estado. Praticamente, representa a minha vida", declarou, na ocasião.

Nesta quinta-feira, familiares dele compareceram à abertura da exposição e agradeceram a homenagem feita por meio do uso do nome de Moreira para batizar o memorial. "Foram 42 anos dedicados ao serviço público. Isto aqui era um dos grandes amores do meu pai, era quase um sobrenome", destacou o filho dele, Cristiano Lima.

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