Aviões de Papel

'Herdeiros' de Santos Dumont querem conquistar o céu... com aviões de papel

O pernambucano Richard Amorim, de 23 anos, ficou em terceiro lugar na competição

O competidor Isaac Queiroz Leite arremessa seu avião de papel a uma distância vencedora de 40,3 metros durante o campeonato nacional de arremesso de avião de papel Red Bull Paper Wings no Museu do Amanhã no Rio de Janeiro, Brasil, em 18 de abril de 2022O competidor Isaac Queiroz Leite arremessa seu avião de papel a uma distância vencedora de 40,3 metros durante o campeonato nacional de arremesso de avião de papel Red Bull Paper Wings no Museu do Amanhã no Rio de Janeiro, Brasil, em 18 de abril de 2022 - Foto: Carl de Souza / AFP

Mais de um século depois que o engenheiro brasileiro Alberto Santos Dumnont gravou seu nome na história da aviação, compatriotas seus ambicionam conquistar o céu... desta vez com aviões de papel. 

Oito estudantes de carreiras tão diferentes como engenharia, veterinária ou nutrição competiram, nesta segunda-feira (18), no Rio de Janeiro por duas vagas para representar o Brasil no sexto Campeonato Mundial de Aviões de Papel da Red Bull, que será disputado em maio em Salzburg (Áustria) com participantes de 62 países. 

Fizeram isso lançando pequenas aeronaves de papel no Museu do Amanhã, onde foram realizadas exposições para homenagear Santos Dumont (1873-1932), a quem muitos consideram o pai da aviação, à frente dos irmãos americanos Wright. 

Em 12 de novembro de 1906, nos arredores de Paris, Dumont conseguiu o que são considerados a primeira decolagem e controle de voo de um avião de forma totalmente autônoma. 

Foram 220 metros percorridos, a uns seis metros de altura e em 21 segundos a bordo do avião 14-bis. 

Neste torneio que, aos olhos de muitos, é um jogo de crianças, os "herdeiros" do genial inventor têm um desafio similar: criar os aviõezinhos de papel que mais tempo perdurem no ar e que percorram a maior distância possível. 

Longes do recorde

Na prova classificatória, os participantes - escolhidos entre 2.500 aspirantes - criaram seu aeroplano dobrando uma folha de papel formato A4. 

"Os aviões na modalidade de maior distância é como se fossem foguetes (...) Os de maior tempo no ar são como planadores, têm asas maiores", explica à AFP José Silva, que como a maioria de seus concorrentes começou a se apaixonar por essa prática no colégio. 

Esse estudante de computação de Goiânia (GO), de 24 anos, participou pela segunda vez nas eliminatórias para o campeonato mundial, no qual o Brasil venceu em duas edições (2006, 2009) na categoria de maior tempo. 

Silva, porém, marcou o último tempo (2,11 segundos), longe dos 7,61 do ganhador Pedro Cruz, e do recorde mundial de 27,9 do japonês Takuo Toda. 

"Estou em êxtase aqui, eu não acreditei quando aconteceu", afirmou Cruz, de 19 anos, após a vitória.

Lançamento de dardo

Richard Amorim, de 23 anos, competiu na categoria de maior distância após praticar diariamente nas ruas de Pernambuco, onde muitos de seus aviões acabavam pendurados em árvores ou telhados. 

Ele atribui sua habilidade na construção, em partes, à técnica adquirida como lançador de dardos. 

"Toda a biomecânica do movimento de lançamento é muito parecida. No dardo, há certos graus", que devem ser feitos com o braço para lançar de forma adequada. Com essa mesma inclinação (entre 34 e 37 graus) "a pessoa consegue mandar o avião para que não suba tanto e faça a parábola", apontou esse estudante de educação física. 

Amorim obteve finalmente a terceira pontuação, com 35,1 metros, contra os 40,3 do vencedor, Issac Queiroz, e os 69,1 do recorde do americano Joe Ayoob. 

Porém, confia que o Brasil será bem representado na Áustria. 

"O brasileiro sempre consegue dar o jeito para qualquer coisa", apontou. Como Santos Dumont. 

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