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Rio de Janeiro

Idosa que morreu durante ataque de fúria em hospital teria alta essa semana, diz a filha

Arlene Marques da Silva, de 82 anos, estava na sala vermelha, local onde André Luiz do Nascimento Soares invadiu e fingia estar armado; ele queria ser atendido

Hospital Municipal Francisco da Silva TellesHospital Municipal Francisco da Silva Telles - Foto: Divulgação

Após 15 dias de internação no Hospital Municipal Francisco da Silva Telles, em Irajá, Zona Norte do Rio, a família de Arlene Marques da Silva, de 82 anos, tinha esperança de levá-la de volta para casa nesta semana. Essa foi a previsão de alta passada pelos médicos para a filha da idosa, a auxiliar de serviços gerais Elaine Marques, de 52 anos. Não deu tempo. A paciente morreu durante o ataque de fúria de pai e filha na unidade médica. Agora, a família cobra punição dos culpados. O sepultamento será nesta segunda-feira, às 16h no Cemitério de Irajá.

— Só quero justiça. Não justifica um cortezinho no dedo tirar a vida de uma pessoa na sala vermelha. Podem achar pequeno, pouco isso, mas a gente não acha. Minha mãe era muito amada, querida pelos filhos e bem tratada para morrer dessa forma — lamentou Elaine que, acompanhada de outros parentes, compareceu no Instituto Médico-Legal (IML) para liberar o corpo.

Ela contou que soube por outras pessoas que André Luiz do Nascimento Soares, de 48 anos, chegou no hospital acompanhado da filha Samara, de 23, alegando corte no dedo e pedia para ser socorrido. Como não tinha médico disponível para atendê-lo, simulando estar armado, invadiu a sala vermelha, onde estava sua mãe. Ela acredita que a idosa passou mal com o susto e, como não tinha nenhum profissional para assisti-la, acabou morrendo.

— Ele (André Luiz) entrou na sala simulando que estava armado. Todo mundo saiu correndo. Um paciente com bolsa de colostomia correu e se escondeu no banheiro. Foi o que me contaram. Minha mãe quando viu aquilo começou a passar mal na cama e não pôde ser atendida porque estavam socando a cara da médica — disse a filha da idosa.

Elaine afirmou que a família é grande e está sofrendo muito. Arlene, que deixa oito filhos, foi descrita como uma pessoa alegra, que gostava de festa, forró e dançar. Netos e bisnetos eram sua paixão. Juntos são 38.

— A gente é muito apaixonado pela minha mãe. Ela já estava se recuperando. Não deu para socorrer. Foi o susto. Acredito que foi isso que causou a morte dela. Só quero justiça — apelou.

A idosa completou 82 anos no dia 5 de maio, com direito a uma grande festa reunindo toda a família, como ela gostava. Na manhã do dia 2 desse mês, um domingo, ela passou mal em casa, em Vaz Lobo, na Zona Norte do Rio. Foi levada pelos familiares para a Upa de Irajá e à noite foi transferida para o hospital devido a um princípio de infarto. Seu quadro vinha evoluindo bem, segundo a filha.

— Ela já estava almoçando e jantando. Eu que ia lá dar comida para ela. Só não podia dormir no hospital.

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Elaine contou que recebeu o contato do hospital na manhã desse sábado, avisando o que aconteceu. Chegando na unidade de saúde, orientaram que ela fosse direto para o IML, onde estava o corpo. Mas ela preferiu ir primeiro à delegacia, para entender melhor o que aconteceu com sua mãe. Ela se queixou da falta de segurança no hospital:

— Falta segurança. Nunca vi na porta.

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