Inventariante de fazenda traz contradição em depoimento
Carlos Ubirajara disse que Fazenda Nova só dava prejuízo, enquanto Mysheva contou que fonte de água mineral renderia cerca de R$ 1, 4 mil diariamente
Inventariante da Fazenda Nova até hoje, Carlos Ubirajara foi o segundo a depor, nesta terça-feira (15), no julgamento de três dos cinco acusados do assassinato do promotor Thiago Faria Soares. O depoimento começou por volta das 10h30. Irmão de Jandira – esposa de Zé Maria de Mané Pedo-, ele foi arrolado pela defesa do cunhado e teve o testemunho contestado após o assistente de acusação, o advogado José Augusto Branco, encontrar uma contradição entre as informações apresentadas por ele e os depoimentos de Mysheva Martins, noiva da vítima na época do crime, e do delegado federal Alexandre Alves, ouvidos no primeiro dia do júri.
Carlos Ubirajara afirmou que a área que se tornou foco da disputa que culminou na morte de Thiago não tinha renda mensal. Pelo contrário, que "só dava dor de cabeça". Mas, no depoimento da advogada Mysheva Martins, nessa segunda (24), ela contou que a fonte de água mineral que existe lá renderia cerca de R$ 1, 4 mil diariamente. Ou seja, mais de meio milhão por ano.
A informação foi endossada com o depoimento do delegado Alexandre Alves, que disse que as investigações confirmaram a venda de água e utilização de caminhões-pipa. Diante das informações contraditórias, o assistente de acusação ameaçou processá-lo por falso testemunho e chegou a solicitar uma acareação com o delegado federal, mas o pedido foi indeferido.
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Leilão da fazenda
A área foi adquirida em leilão pela advogada Mysheva Martins quando ela ainda não conhecia Thiago Faria. Na época ela desembolsou por R$ 100 mil pela propriedade. No depoimento, ela, no entanto, revelou, que Thiago, anos depois, ajudou na desocupação do imóvel - no local, viviam familiares de José Maria Pedro Rosendo, conhecido como Zé Maria de Mané Pedo, acusado de ser o mandante do assassinato do promotor.
Cunhado de Zé Maria de Mané Pedo, Carlos Ubirajara contou que pediu a nulidade da compra porque ninguém tomou conhecimento da realização do leilão até que a advogada arrematasse a área. "Eu nunca recebi nenhum documento. Um documento que chegou na minha casa foi recebido pelo meu filho que tinha 13 anos. Foi levada a leilão uma área que não iria à penhora. Não arrematamos porque não sabíamos do leilão”, disse, acrescentando que a fazenda traz “dor de cabeça” até hoje.
Zé Maria candidato
Arrolado pela defesa do cunhado, falou bem sobre Zé Maria. Disse que ele era bem relacionado e que quase ganhou uma disputa por vaga na Câmara dos Vereadores de Itaíba. “Ele não tinha nenhum problema na Justiça. Se tivesse, não iria se candidatar”, afirmou.
Entenda o caso
O crime ocorreu no dia 14 de outubro de 2013 no interior de Pernambuco. Thiago Farias Soares estava acompanhado da então noiva, a advogada Mysheva Martins, e do tio dela Adautivo Martins. Eles seguiam pela rodovia PE-300 a caminho de Itaíba, quando foram abordados por homens armados. Os tiros atingiram Thiago, que morreu na hora. O veículo deles parou. O carro dos assassinos contornou a via e, segundo as investigações, retornou para tentar assassinar tio e sobrinha, que escaparam com vida após se jogarem para fora do veículo, na estrada. A arma do crime nunca foi encontrada.