BOEING 737-500

Investigação mostra "anomalias" em Boeing que caiu na Indonésia

Embora o relatório aponte "anomalias" nos aceleradores automáticos, as causas do acidente ainda não estão claras

Caixa-preta do Boeing 737-500, da companhia Sriwijaya AirCaixa-preta do Boeing 737-500, da companhia Sriwijaya Air - Foto: ADEK BERRY/AFP

A investigação sobre o acidente do Boeing da Sriwijaya Air, que caiu em janeiro na Indonésia, revela "anomalias" nos aceleradores automáticos, embora as causas do acidente ainda não estejam claras.

Um relatório preliminar dos investigadores publicado nesta quarta-feira (10) concluiu que o Boeing 737-500, que caiu de uma altura de 3 mil metros em menos de um minuto em 9 de janeiro antes de desaparecer no mar de Java com 62 pessoas a bordo, sofreu um problema neste disposiivo.

"Os dois 'autothrottles' (sistema de controle automático da aceleração da aeronave) mostram anomalias", afirmou Nurcahyo Utomo, investigador da agência indonésia para a segurança no transporte.

Esses sistemas complementam o piloto automático e servem para controlar a aceleração do avião e, portanto, sua velocidade e podem ser desativados pelos pilotos.

"O acelerador esquerdo seguia para trás muito rápido e o direito não se movia. Estava preso", explicou.

O relatório preliminar sobre o acidente que não teve sobreviventes, no entanto, expressa cautela sobre as causas.

"Mas o que provocou esta anomalia? Não podemos estabelecer nenhuma conclusão no momento", disse Utomo.

Os documentos mostram que esses controles já apresentaram problemas antes e foram consertados em duas ocasiões pouco antes do acidente, mas também não se descarta um erro humano.

"A investigação tem que continuar e vai se concentrar no sistema de aceleração automática e seus componentes, mas não só nisso, também na manutenção e nos fatores humanos", acrescenta o relatório.

Segunda caixa preta
"Normalmente esses sistemas estão ativados, mas se houver uma anomalia em seu funcionamento ou em seu movimento, os pilotos os desativam e tecnicamente o avião continua voando", explicou Gerry Soejatman, analista independente do setor da aviação, entrevistado pela AFP em Jacarta.

A questão é se "os pilotos perceberam esta anomalia e como reagiram", disse o especialista, confiando que a segunda caixa preta, a qual grava as conversas na cabine dos pilotos e que ainda não foi encontrada, pode responder a essas perguntas.

O avião acidentado tinha 26 anos e foi usado antes pelas companhias americanas Continental Airlines e United Airlines.

Caiu cinco minutos depois de decolar de Jacarta. A tripulação não emitiu nenhum sinal de alerta, nem comunicou nenhum problema técnico antes do acidente e o avião estava provavelmente intacto quando afundou no mar, informaram os especialistas.

A área, relativamente pequena, na qual foram encontrados os restos da aeronave e as informações de uma das caixas pretas, mostraram que os reatores funcionavam no momento do impacto.

A agência indonésia explicou que as conversas com a tripulação foram normais até o avião mudar de trajetória e parar de responder às perguntas da torre de controle.

A decolagem do avião havia sido atrasada por uma tempestade, mas nada indica que as condições meteorológicas tenham influenciado no acidente, segundo as autoridades.

Uma equipe da agência americana encarregada da segurança nos transportes (NTSB), representantes da Boeing e do regulador americano da aviação (FAA), também participam na investigação.

Este foi o primeiro acidente mortal a afetar a companhia regional Sriwijaya Air desde sua criação em 2013, apesar de o setor da aviação na Indonésia já ter vivido várias tragédias nos últimos anos.

Em outubro de 2018, 189 pessoas morreram no acidente de um Boeing 737 MAX operado pela Lion Air, que caiu no mar de Java 12 minutos depois de decolar de Jacarta.

O avião da Sriwijaya Air não pertencia à polêmica nova geração do Boeing 737 MAX.

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