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EUA

Investigação sobre invasão ao Capitólio descobre 'buraco' de 8h em ligações de Trump

Segundo autoridades, o comitê responsável pelo caso está investigando um "potencial encobrimento" do registro da Casa Branca

Ex-presidente dos Estados Unidos, Donald TrumpEx-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump - Foto: Mandel Ngan/AFP

Os arquivos da Casa Branca do dia da invasão do Capitólio dos Estados Unidos mostram um "buraco" de quase oito horas nos registros telefônicos do então presidente Donald Trump - informou a imprensa americana nesta terça-feira (29).

A pausa de 457 minutos - das 11h17 às 18h54 de 6 de janeiro de 2021 - inclui o período em que o prédio do Capitólio foi invadido por uma multidão violenta de apoiadores de Trump, conforme documentos obtidos pelo jornal The Washington Post e pela emissora CBS.

Os Arquivos Nacionais, a agência governamental que guarda os documentos presidenciais, entregaram 11 páginas de registros de chamadas da central telefônica e de outros registros para a comissão especial do Congresso que investiga o ataque. 

Eles mostram que Trump ligou para pelo menos oito pessoas na manhã do ataque, e para outras 11, naquela noite. Há, no entanto, muitos relatos de conversas telefônicas que Trump teve com aliados no Congresso durante os distúrbios que não aparecem nos registros. 

Os investigadores estão averiguando se Trump usou canais alternativos não oficiais, como "telefones descartáveis", ou seja, celulares pré-pagos baratos e difíceis de rastrear projetados para serem jogados fora após o uso. 

Um membro anônimo do painel disse ao Post que o comitê está investigando um "potencial encobrimento" do registro da Casa Branca. 

Os documentos mostram que o ex-estrategista-chefe da Casa Branca Steve Bannon - que disse aos ouvintes de seu podcast no dia anterior ao ataque que "o inferno vai acontecer amanhã" - falou com Trump duas vezes em 6 de janeiro. No ano passado, Bannon foi formalmente acusado pelo Departamento de Justiça por se recusar a cooperar com o comitê do Congresso.

A revista Rolling Stone informou, em novembro, que os organizadores do comício "Stop the Steal" ("Parem o roubo", em tradução literal) teriam se comunicado com membros de alto escalão do círculo íntimo de Trump antes da ofensiva. E, para isso, teriam usado telefones pré-pagos.

Essas pessoas incluíram o filho do ex-presidente Eric Trump, sua nora e ex-funcionária de campanha, Lara Trump, e o então chefe de gabinete, Mark Meadows. 

"Não tenho ideia do que seja um telefone descartável, que eu saiba, nunca ouvi o termo", disse Trump em um comunicado ao Post. 

A Lei de Registros Presidenciais exige que as comunicações escritas relacionadas aos deveres oficiais do presidente, como e-mails, memorandos e o registro diário de suas ligações telefônicas, sejam preservadas. 

Trump perdeu sua tentativa, no mês passado, de impedir que os Arquivos divulgassem registros de visitantes, rascunhos de discursos e outros documentos da Casa Branca para o comitê da Câmara de Representantes que investiga os distúrbios. 

Alguns dos documentos entregues foram "rasgados pelo ex-presidente Trump" e colados novamente, revelaram os Arquivos, acrescentando que também receberam uma série de registros que ainda estavam rasgados. 

A comissão especial da Câmara não respondeu imediatamente a um pedido de comentários por parte da AFP.

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