"Jeito simples do Papa encantou o mundo", diz cardeal Sergio da Rocha, de Salvador
Dom Sergio da Rocha diz que último contato com o Papa ocorreu por meio de ligação e bilhete, quando o argentino já enfrentava problemas de saúde
O Arcebispo da Arquidiocese de São Salvador da Bahia, o cardeal Dom Sergio da Rocha afirmou em coletiva de imprensa, na manhã desta segunda-feira, que o legado do Papa Francisco, morto aos 88 anos, vai além de seu trabalho dentro da própria igreja católica.
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A última vez que os dois conversaram foi por meio de um bilhete e por uma ligação telefônica, quando Francisco já estava debilitado.
— Posso dizer que os ensinamentos e os gestos do Papa Francisco repercutiram muito na igreja e no mundo não só pelas suas implicações internas na vida da igreja, mas pelo significado ético, religioso, político, de seus ensinamentos. Daquilo que ele fez, realizou e nos ensinou a fazer — afirmou. — O jeito ‘simples’ do Papa encantou o mundo.
Dom Sergio enúmerou gestos de Franciscos que causaram impacto: desde a escolha do nome Francisco (em homenagem a São Francisco de Assis, que tinha forte dedicação aos pobres), a decisão de morar na Casa Santa Marta, de acomodações simples, e da maneira que indicava sua benção.
— Todos nós conhecemos e recordamos com especial gratidão o amor que o Papa sempre demonstrou pelos mais pobres, sofredores, pelos que não são devidamente amados e valorizados no mundo de hoje — seguiu o religioso. — Temos também o empenho extraordinário do Papa pela paz. Sua mensagem de Páscoa falava de paz.
Por seguir com os deveres religiosos mesmo em momentos desafiadores de saúde, o cardeal Dom Sergio disse que Francisco foi exemplo de "força", "perseverança", de "seguir em frente e não desanimar".
— Creio que vão ficar para a história as últimas cenas de seu pontificado. Ele no meio do povo, fez questão de passar, apesar de todas as limitações e orientações médicas. Ele colocava seu amor pela igreja e pelo povo acima de tudo. Quando ele estava no meio do povo ele se renovava, se animava — disse.
Ainda na conversa com os jornalistas, o cardeal disse que não é muito possível dar previsões sobre o futuro do cargo importante da Igreja Católica Apostólica Romana, que agora está vacante e passará pelo período de conclave.
O cardeal disse que, em geral, não é escolhido quem chega a ser cotado como "indicado" ao cargo, pela imprensa ou por conversas que acontecem dentro da própria igreja.
— O que se passa no conclave é a ação de Deus — diz.

