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CASO BEATRIZ

Juíza descarta que perito teria recebido propina de R$ 1,5 milhão para fraudar laudo do Caso Beatriz

Suposta fraude, descartada pela magistrada, seria para beneficiar colégio onde menina foi morta em 2015

Beatriz Angélica Mota, assassinada a facadas em 2015 em uma escola particular de PetrolinaBeatriz Angélica Mota, assassinada a facadas em 2015 em uma escola particular de Petrolina - Foto: Arquivo Pessoal

Em despacho publicado na última quinta-feira (5), a juíza Elane Brandão Ribeiro esclareceu que a suspeita de recebimento de propina de R$ 1,5 milhão por parte do perito Gilmário dos Anjos no Caso Beatriz não procede. 

A defesa da família de Beatriz Mota, menina morta a facadas em dezembro de 2015 em Petrolina, havia solicitado à magistrada que fossem pedidas informações à Chefia da Polícia Civil de Pernambuco para saber se o profissional teria recebido o dinheiro para falsificar laudo pericial que, supostamente, favoreceria a Escola Nossa Senhora Auxiliadora, onde ocorreu o crime.

No despacho, a juíza Elane Brandão Ribeiro diz que:

"Diante de tais circunstâncias, não tendo sido apresentado a este juízo nenhum elemento de prova que subsidie a narrativa realizada no bojo de relatório da Operação Metástase, deflagrada pela Polícia Federal, cujo fundamento apresentado seria suposto relato prestado pela delegada de Polícia Civil Francisca Polyanna da Silva Néri, que esclareceu não ter conhecimento, nem haver prestado qualquer informação neste sentido, de se concluir pela ausência de questão prejudicial ao regular trâmite dos autos"

De acordo com o despacho inicial feito pela juíza, a pedido da defesa em fase de alegações finais, haveria trecho de relatório da Polícia Federal (PF) sobre a Operação Metástase que cita o recebimento de R$ 1,5 milhão por parte do perito para "falsificar uma das perícias do Caso Beatriz, que comprometia a instituição de ensino em que a mesma foi assassinada". 

A operação, deflagrada em abril deste ano, teve por finalidade desarticular uma milícia, com características típicas de grupo de extermínio, integrada por policiais militares e civis de Pernambuco, Paraíba e Ceará que atuava na região do Sertão pernambucano, especificamente nos municípios de Salgueiro, Serra Talhada, Ouricuri e Parnamirim. A milícia, segundo a PF, seria especializada em homicídios, além de outras condutas ilícitas relacionadas.

O Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) havia dito que a suspeita de propina milionária foi revelada pela delegada da Polícia Civil Polyanna Nery, lotada atualmente na Delegacia de Pesqueira. A delegada, no entanto, rebateu a citação.

Em conversa por telefone com a Folha de Pernambuco, Polyanna Nery havia explicado que, quando começou a investigar a morte de Beatriz, o perito já havia deixado o caso. "Não tenho conhecimento a respeito desse fato, fui surpreendida porque não tenho conhecimento nenhum a respeito dessa investigação da Polícia Federal", rebateu. 

Polyanna explicou ainda que trabalhou no caso entre novembro de 2017 e março de 2020, e o perito atuou em 2016. A juíza também requisitou informações diretas à delegada. "Não fui oficialmente notificada, nunca investiguei esse perito. Vai ser tudo apurado", completou Polyanna. 

Em nota, a Associação de Polícia Científica de Pernambuco (Apoc-PE), disse que "a decisão reforça a confiabilidade dos laudos periciais e a seriedade do trabalho realizado pela Polícia Científica do Estado de Pernambuco".

"A Associação de Polícia Científica de Pernambuco enaltece a imparcialidade e rigor do trabalho da juíza Elane Brandão Ribeiro na análise desse caso tão sensível e reforça seu compromisso com a busca da verdade e o cumprimento da justiça, sempre primando pela transparência e pela confiabilidade dos resultados periciais", completa a Apoc-PE.

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