Dom, 07 de Dezembro

Logo Folha de Pernambuco
justiça

Juíza dos EUA vai ordenar libertação de salvadorenho deportado por erro judicial

Ábrego García, de 29 anos, foi deportado pela administração Trump para El Salvador em março e devolvido por avião aos Estados Unidos em 6 de junho

O Departamento de Imigração e Alfândega dos EUA expulsou Kilmar Armando Abrego Garcia, um migrante salvadorenho, apesar da decisão de um juiz de imigração que o protegia da deportação. O Departamento de Imigração e Alfândega dos EUA expulsou Kilmar Armando Abrego Garcia, um migrante salvadorenho, apesar da decisão de um juiz de imigração que o protegia da deportação.  - Foto: Murray Osorio PLLC via AP

Uma juíza americana informou que prevê ordenar a libertação do migrante salvadorenho Kilmar Ábrego García, deportado por erro, desde que seja realizado seu julgamento por suposto tráfico de migrantes, em um novo revés para o governo do presidente Donald Trump.

Ábrego García, de 29 anos, foi deportado pela administração Trump para El Salvador em março e devolvido por avião aos Estados Unidos em 6 de junho devido, segundo a procuradora-geral Pam Bondi, a uma ordem de prisão apresentada diante das autoridades salvadorenhas.

No retorno, foi preso imediatamente e acusado, em Nashville, Tennessee, de tráfico de migrantes nos Estados Unidos entre 2016 e 2025.

Seu caso se tornou um símbolo da queda de braço entre o governo do republicano Trump e os tribunais federais.

Ábrego García se declarou inocente das acusações criminais e uma juíza federal determinou, o domingo, que os procuradores não apresentaram argumentos que justifiquem sua detenção enquanto aguarda o julgamento.

"O governo alega que Ábrego é um membro de longa data e bem conhecido da MS-13", gangue declarada organização terrorista global por Washington, afirma a juíza Bárbara Holmes em sua decisão de 51 páginas.

"Mas Ábrego não tem antecedentes criminais (...) e a própria evidência do governo contradiz sua suposta participação em uma gangue", sustenta. E acrescentou: "Os fatores a favor da liberdade superam todos os demais fatores a favor da detenção".

Holmes reconheceu que, ainda que ordene a soltura de Ábrego García em um pedido de vista judicial prevista para terça-feira, é provável que ele seja detido imediatamente por agentes federais da imigração.

Assim, o verdito do tribunal é mais "um exercício acadêmico", admitiu a juíza.

"A base da administração da nossa lei criminal depende das bases do devido processo", ponderou, no entanto.

Ábrego García vivia em Maryland até se tornar um dos 200 migrantes enviados a uma prisão de El Salvador em março como parte da ofensiva de Trump contra a imigração irregular.

Em 15 de março, o governo americano enviou 238 venezuelanos para El Salvador em vários voos. Entre os enviados estavam supostos membros de gangues como Tren de Aragua e MS-13, em virtude da Lei de inimigos estrangeiros de 1798, utilizada desde então somente em tempos de guerra.

Durante meses, o governo Trump acusou Ábrego García, casado com uma americana, de ser membro da MS-13, o que sua família e advogados negam. García nunca foi condenado por essa acusação.

Os advogados do Departamento de Justiça reconheceram que o salvadorenho foi expulso por um "erro administrativo".

Em 2019, uma corte revogou permanentemente a possibilidade de expulsá-lo a El Salvador.

Veja também

Newsletter