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Lembranças, flores e 'carinho pelos que se foram' marcam preparação para o Dia de Finados

Entre as pessoas que se antecipam e decidem ir ao cemitério na véspera estão comerciantes, visitantes e os que fazem os preparativos para melhor receber o grande fluxo

Preparação pEdilene Regina, 52, herdou a tradição da mãe, que também era floristaara o Dia de Finados no Cemitério de Santo AmaroPreparação pEdilene Regina, 52, herdou a tradição da mãe, que também era floristaara o Dia de Finados no Cemitério de Santo Amaro - Foto: Arthur Mota/Folha de Pernambuco

No cemitério de Santo Amaro, o mais conhecido do Recife, a movimentação que antecipa o Dia de Finados já começou. Entre as pessoas que visitam o cemitério na véspera da data estão comerciantes, que veem na tradição uma oportunidade de ganhar dinheiro, e os que fazem os preparativos para melhor receber o grande fluxo esperado no próximo sábado (2). Segundo a administração do cemitério, são esperados de 15 a 20 mil visitantes ao longo do dia. No sábado, o cemitério abre em horário especial, das 6h às 18h.

Os dias que precedem o feriado também são marcados por homenagens e preparação. Para deixar tudo organizado, centenas de trabalhadores oferecem serviços de limpeza e pequenas reformas. Em frente ao cemitério, comerciantes aproveitam a movimentação e se organizam para vender flores, velas, artigos religiosos e lanches. É o caso da vendedora ambulante Edilene Regina, 52 anos, que vê o feriado como uma oportunidade para faturar uma renda extra. Para ela, que vende flores e arranjos que custam a partir de R$ 5, a movimentação já começou.

"Ano passado o movimento foi pouco, espero que esse ano a situação melhore", diz a ambulante. Sorrisos, carinhos de mãe, tangos - nomes populares de algumas flores -, são vendidas por Edilene, que vai a Santo Amaro anualmente por influência da mãe, que também comercializava flores.

Equipes da limpeza urbana também reforçaram a atuação no cemitério. Desde de outubro, os serviços de varrição, capinação e pinturas foram reforçados, assim como foram realizados reparos na estrutura para receber os eventos religiosos.

Como forma de homenagem, os visitantes também costumam limpar os túmulos e realizar. Para que esses serviços sejam executados, dezenas de trabalhadores circulam pelo cemitério e, por vezes, são abordados por alguém que foi visitar a um ente querido. Reginaldo de Melo, 61, é um desses trabalhadores. Há 50 anos, sua família se mudou para os arredores do cemitério. Seu pai era coveiro e Reginaldo, que o acompanhava desde pequeno, aprendeu o ofício e o executa até os dias de hoje. "É um trabalho que envolve muito as emoções das pessoas. Depois de tanto tempo fazendo essa função, aprendi a lidar com esses sentimentos", afirma Reginaldo.

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"Cuido de alguns túmulos durante todo o ano, as pessoas me pagam. Quando vai chegando o feriado de finados, a movimentação aumenta e algumas pessoas me procuram, aí faço o serviço. As vezes peço uma quantia pelo meu trabalho, mas vejo que alguns não têm condições de pagar, aí faço de coração", completa o zelador.

Com tantos anos de convívio no cemitério de Santo Amaro, Reginaldo cita o caso da Menina Sem Nome como o mais impactante que presenciou. Na época do enterro, o zelador tinha 12 anos. O corpo da garota foi encontrada em junho de 1970 na praia do Pina. Desde então, o corpo da menina não foi identificado e seu túmulo tornou-se um dos mais visitados do cemitério.

No túmulo da menina, Jaqueline Rodrigues, 54, que a chama de Maria "porque ninguém pode viver sem nome", presta homenagens anualmente. "Acredito nela, milagres acontecem por causa dela. É por isso que tanta gente passa aqui pra deixar um presente ou fazer uma oração. Do túmulo da menina sem nome, Jaqueline costuma seguir para o da mãe, onde deixa flores e preces. "Prefiro evitar a movimentação do dia e vir um pouco antes, com maior tranquilidade", diz Jaqueline, que afirma que sempre visita os túmulos como "uma forma de demonstrar carinho pelos que já se foram".

A tradição de saudar a memória dos que já se foram é antiga. Celebrada de formas diferentes ao redor do mundo, a ideia de reservar um dia para prestar homenagens aos mortos tem uma origem na tradição cristã. Historicamente, os católicos sempre rezaram pelos que morreram. No entanto, o a escolha do dia 2 de novembro só foi feita no século 13. Há indícios de que a data foi escolhida por suceder o dia de todos os santos, comemorado em 1º de novembro.

Em Santo Amaro, a programação contará com apresentações musicais, cultos ecumênicos e uma missa celebrada pelo arcebispo da Arquidiocese de Olinda e Recife, Dom Fernando Saburido.

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