Lixão de Aguazinha fecha após funcionar 30 anos irregularmente
Com a desativação, nesta quarta-feira (9) as 400 toneladas de detritos geradas em Olinda diariamente serão levados para Paulista e, depois, para Igarassu
Após mais de 30 anos funcionando de forma irregular às margens da II Perimetral de Olinda, o lixão de Aguazinha encerra, enfim, suas atividades a partir desta quarta-feira (9). Com a desativação, as 400 toneladas de lixo geradas em Olinda diariamente serão transportadas ao aterro de Mirueira, em Paulista, antes de terem a Central de Tratamento de Resíduos (CTR) de Igarassu como destino final.
A medida cumpre determinação da Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH), ao mesmo tempo em que a gestão se adequa à Política Estadual de Resíduos Sólidos. Sem licença para operar há dois anos, devido a impasses financeiros, a urgência em encerrar as atividades em Aguazinha se reflete nas multas aplicadas pela CPRH ao município, totalizando R$ 790 mil.
Leia também:
Olinda desativa Lixão de Aguazinha e promete cadastrar catadores
Na Região Metropolitana do Recife, o aterro sanitário da Mirueira é o único licenciado pela CPRH para funcionar como estação de transbordo. O contrato emergencial para utilizar o lugar como um ponto de apoio por próximos três meses foi aprovado pelo Tribunal de Contas de Pernambuco (TCE-PE), o que gerou uma despesa de R$ 1,3 milhão aos cofres municipais. A alternativa deu-se após se tornar impraticável Aguazinha, já sobrecarregada de lixo, continuar recebendo os dejetos gerados na cidade.
Antes de ter o contrato encerrado com o CTR Igarassu em 2015, Aguazinha serviu como estação de transbordo durante quatro anos. Os dejetos chegavam ao local e, em seguida, eram levados à central de Igarassu. Porém, sem dinheiro para manter essa operação, Aguazinha voltou a ser um grande lixão a céu aberto.
Para se ter uma ideia, chega a 100 mil toneladas a quantidade de lixo acumulada nos últimos dois anos em Aguazinha. O plano para remover esse volume e recuperar ambientalmente a área deverá ser apresentado à CPRH em três meses, podendo o prazo ser prorrogado por igual período pelo TCE-PE, caso Olinda não encontre uma solução definitiva. “E, sendo aprovado, daremos início ao processo de licitação”, afirma o secretário de Serviços Públicos de Olinda, Evandro Avelar, adiantando que a ideia é transformar essa área de Aguazinha em um parque com ciclovias e espaços de convivência. “Um exemplo bem sucedido é no que se transformou o antigo lixão Bandeirantes, em São Paulo”, projeta.
Ganho financeiro
Adequando-se às exigências da CPRH, Olinda volta a receber o ICMS ambiental, gerando receita ao município. Só em 2015 e 2016, a falta de repasse fez com que a cidade deixasse de receber R$ 6 milhões por ano. Com parte dessa verba, o prefeito professor Lupércio pretende pagar a multa aplicada pela CPRH.
Catadores temem perder renda
Segundo a Prefeitura, o local vai ser cercado por muros e o portão, fechado. De acordo com o poder municipal, 73 catadores que dependem totalmente da reciclagem do lixo de Aguazinha foram cadastrados e serão capacitados para, então, serem inseridos em programas de coleta seletiva da cidade.
Porém, os catadores afirmam que o número de pessoas que sobrevivem da atividade é superior ao informado pela prefeitura e que ninguém foi cadastrado até o momento. Eles, inclusive, estudam a possibilidade de bloquear a II Perimetral em protesto ao encerramento das atividades.
“Há anos que estamos nessa situação e nenhum prefeito fez algo por nós. Aí, quer tirar o lixão de nós? Muita gente aqui vai para a bandidagem. Sem o lixão, quem vai arrumar emprego para a gente? Até para ser gari tem que saber escrever”, reclama.
Veja também

Vacina
Saiba como é o programa de vacinação em países europeus
