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Juliana Marins

Lula deve abordar morte de Juliana Marins em encontro com presidente da Indonésia

Presidente receberá chefe de Estado na próxima quarta-feira(9); na véspera, estará com o primeiro-ministro da Índia

Juliana MarinsJuliana Marins - Foto: @resgatejulianamarins/Instagram/reprodução

A morte de Juliana Marins, brasileira de 26 anos que sofreu quedas durante uma trilha no vulcão no Monte Rinjani, na Indonésia, no fim de junho, deve ser um dos temas do encontro entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente indonésio Joko Widodo, na próxima quarta-feira, em Brasília. Segundo o embaixador Aloysio Gomide Filho, diretor do Departamento de Comunidades Brasileiras e Assuntos Consulares, o presidente deve agradecer a Indonésia pela colaboração nas buscas.

"Se o tema for levantado na reunião, certamente será para expressar o agradecimento ao governo indonésio pelo empenho no caso" afirmou o diplomata.

O Itamaraty afirma que todo apoio foi prestado durante os regastes e a comunicação fluiu da melhor forma possível, considerando as condições climáticas.

Na próxima semana, Lula receberá dois líderes asiáticos, o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, e o presidente da Indonésia, Joko Widodo. Em agendas distintas, ambos serão recebidos com honras de chefe de Estado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva: Modi no Palácio do Alvorada e Widodo no Palácio do Planalto. As visitas refletem o esforço do governo brasileiro em estreitar laços estratégicos com países da Ásia, região que Lula tem apontado como prioridade para a política externa.

Narendra Modi chega ao Brasil para participar da cúpula dos Brics, no Rio de Janeiro, e será recebido por Lula em Brasília na terça-feira. A visita, com caráter de Estado, inclui reunião bilateral, assinatura de ao menos seis acordos de cooperação, com outros três em negociação, e uma declaração conjunta à imprensa. Os atos devem contemplar áreas como segurança, energia, digitalização, agricultura e proteção de informações qualificadas. Um dos anúncios mais esperados é a criação do Conselho Brasil–Índia, que deve aprofundar a parceria estratégica firmada em 2006.

Outro destaque será o comunicado conjunto “Índia e Brasil: duas grandes nações com grandes objetivos”, que estrutura a cooperação bilateral em cinco eixos: defesa e segurança, segurança alimentar, transição energética, transformação digital e minerais críticos. Está prevista ainda a criação de um novo diálogo sobre segurança marítima e uso pacífico do espaço exterior, com lançamento previsto para agosto. A visita também reforça a atuação conjunta no âmbito dos Brics, grupo fundado por Brasil e Índia junto a Rússia e China, e que passa por um momento de expansão. Modi e Lula já se encontraram três vezes desde o início do atual mandato do petista.

Na quarta-feira, será a vez de Joko Widodo. A visita é a primeira desde que a Indonésia ingressou formalmente nos Brics, em janeiro deste ano, mas o presidente esteve no país em duas ocasiões em 2024. Entre os temas a serem tratados, estão segurança alimentar, crise climática e a busca por soluções diplomáticas para o conflito no Oriente Médio, com atenção especial à situação na Palestina. A Indonésia é o maior país muçulmano do mundo, e o governo brasileiro vê no diálogo com Jacarta uma oportunidade para fortalecer a defesa de uma saída pacífica para a região.

O Brasil também espera contar com o apoio da Indonésia na Cúpula de Segurança Alimentar, que será realizada em setembro, em Fortaleza. Do ponto de vista econômico, há expectativa de avanço nas negociações para ampliar a exportação de carne bovina brasileira e abrir o mercado nacional à carne de frango indonésia. Apenas o anúncio da visita de Widodo rendeu resultados práticos como a retomada da concessão de vistos entre os dois países. A agenda oficial inclui reunião bilateral, fala conjunta à imprensa e um almoço oferecido no Palácio do Planalto.

Ainda não há confirmação sobre a assinatura de documentos, mas cinco instrumentos bilaterais estão em negociação, nas áreas de defesa, vigilância sanitária, assistência mútua e educação. Também está em estudo uma possível visita de Lula à Indonésia para participar da cúpula da ASEAN, prevista para outubro.

As duas visitas refletem a estratégia do governo de reposicionar o Brasil no cenário internacional por meio da diplomacia presidencial. A embaixadora Susan Kleebank, secretária de Ásia e Pacífico do Itamaraty, tem sido peça-chave na interlocução com Nova Délhi e Jacarta, liderando os entendimentos que vêm consolidando os avanços em ambas as frentes.

"Considero visionária esta política de priorizar a Ásia que tem sido feita pelo governo Lula" disse Kleebank.

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