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Maduro e militares declaram ofensiva contra 'golpistas' na Venezuela

Maduro e o alto comando militar apareceram diante de cerca de 4.500 soldados em um ato transmitido por rádio e televisão

Presidente Nicolás Maduro e o exército venezuelanoPresidente Nicolás Maduro e o exército venezuelano - Foto: HO / Presidency/JHONN ZERPA / AFP

O presidente Nicolás Maduro e as Forças Armadas da Venezuela declararam nesta quinta-feira (2) uma ofensiva contra os "golpistas", ao reafirmarem publicamente sua aliança após a fracassada rebelião militar liderada pelo líder da oposição Juan Guaidó.

Maduro e o alto comando militar apareceram diante de cerca de 4.500 soldados em um ato transmitido por rádio e televisão, em que o presidente pediu para que lutassem contra "qualquer golpista".

"Sim, estamos em combate, moral máxima nessa luta para desarmar qualquer traidor, qualquer golpista", disse Maduro em ato com milhares de soldados, no qual o alto comando militar reiterou sua lealdade ao presidente.

Repetindo o slogan "sempre leal, traidores nunca", o presidente assinalou que não deve haver medo frente à obrigação de desarmar as conspirações da oposição e os Estados Unidos.

"Ninguém pode ter medo. É hora de defender o direito à paz", acrescentou Maduro, que marchou com oficiais e com a tropa dentro da instalação militar.

Seus apelos acontecem após a rebelião de terça-feira por parte de um pequeno grupo de soldados sob a liderança de Guaidó, reconhecido como presidente interino da Venezuela por mais de 50 países.

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Armados e com veículos blindados, as tropas foram estacionadas em uma rodovia de Caracas e atacaram a oposição. Os manifestantes pediam a todas as Forças Armadas apoio para o levante.

A liderança militar ratificou, porém, sua adesão a Maduro, e 25 militares rebeldes pediram asilo na embaixada brasileira.

Libertado pelos dissidentes de sua prisão domiciliar, o opositor Leopoldo López acabou por pedir refúgio na embaixada espanhola. No entanto, um tribunal venezuelano ordenou sua prisão nesta quinta-feira, que se refugiou na embaixada espanhola após ser libertado por soldados que se revoltaram contra o governo, informou a Suprema Corte de Justiça.

"O tribunal, em sua decisão, entrega um mandado de prisão ao Serviço Nacional de Inteligência Bolivariano (Sebin) contra o cidadão Leopoldo López", afirma o SCJ em um comunicado.

A sentença ordenou que o líder seja mantido na prisão militar de Ramo Verde, fora de Caracas, onde ele cumpriu a maior parte de sua sentença de quase 14 anos por "incitar a violência" em protestos contra Maduro em 2014. A decisão do tribunal afirma que López violou "flagrantemente" a medida de prisão domiciliar que recebeu em agosto de 2017 e a proibição de fazer declarações políticas.

Hoje, o presidente Donald Trump defendeu o fim da "repressão brutal" ao povo venezuelano, após a tentativa frustrada de rebelião.

"A repressão brutal do povo venezuelano tem que acabar, e tem que acabar logo", afirmou Trump na Casa Branca.

"As pessoas estão morrendo de fome. Não têm comida, não têm água, e esse já foi um dia um dos países mais ricos do mundo", acrescentou.

"Então, nós lhes desejamos boa sorte, estaremos e estamos aqui para ajudar", completou.

Lealdade e insultos

Maduro, confrontado com a pior crise econômica na Venezuela moderna, realizou atos semelhantes ao de Fuerte Tiuna em janeiro, depois que 27 oficiais militares o ignoraram e se entrincheiraram em um batalhão de Caracas, e quando Guaidó foi proclamado presidente interino, alegando que o líder socialista foi reeleito de forma fraudulenta.

Os apelos de Maduro nesta quinta foram respondidos pelo alto comando com expressões de compromisso e até mesmo insultos contra Guaidó.

"Viemos ratificar nossa lealdade (...) ao comando supremo das Forças Armadas, que é o único presidente, o presidente Nicolás Maduro", disse o ministro-geral da Defesa, Vladimir Padrino.

Padrinho, a quem Washington ofereceu suspender as sanções para que rompesse com Maduro, denunciou que os americanos pretendem comprar os militares como se fossem "mercenários" e rejeitou as tentativas da oposição de quebrar a união militar.

"Parece uma brincadeira de criança o que pretendem fazer com as Forças Armadas", disse Padrino em seu discurso.

No entanto, os termos mais severos foram feitos pelo comandante estratégico operacional, Remigio Ceballos, que chamou Guaidó de "vagabundo" e "idiota".

"Não nos deixamos ser mandados por quem não é nossa linha de comando fundamental, muito menos um idiota que finge ser presidente. Não tenhamos medo de rejeitar isso", disse energicamente Ceballos.

Repressão

Na quarta-feira, no contexto de confrontos de milhares de opositores, Guaidó advertiu que, após a insurreição militar, o regime tentaria "acentuar a repressão" e persegui-lo. Insistiu em que o povo continue nas ruas e promova uma "greve geral".

Uma enorme multidão atendeu a sua convocação em Caracas para exigir que Maduro "interrompa a usurpação do poder".

Os protestos provocaram distúrbios, que terminaram com uma jovem morta e 46 feridos, de acordo com organizações de defesa dos direitos humanos e serviços de saúde.

"Me comprometo a fazer com que a morte de Rausseo pese contra os que decidiram atirar contra um povo que decidiu ser livre. Isto tem que parar", afirmou Guaidó na ocasião.

A Assembleia Constituinte governista já retirou de Guaidó sua imunidade como líder parlamentar e autorizou o processo por "usurpar as funções de Maduro". Foi advertida pelos Estados Unidos de que prender o presidente autoproclamado "será o último erro da ditadura".

A escalada também aumentou a tensão entre Washington e Moscou, depois que o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, acusou o colega russo, Sergei Lavrov, de desestabilizar a Venezuela com seu apoio a Maduro.

Lavrov denunciou a "influência destrutiva" da Casa Branca, depois que Pompeo reiterou que "uma ação militar é possível" na Venezuela.

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