Ter, 09 de Dezembro

Logo Folha de Pernambuco
Saúde Mental

Mais de meio milhão de pessoas tem esquizofrenia no Brasil, revela novo estudo

Levantamento da Unifesp aponta para ao menos 547 brasileiros com o diagnóstico, número que, segundo os pesquisadores, pode ser ainda maior

EsquizofreniaEsquizofrenia - Foto: FreePik

Cerca de 547 mil brasileiros vivem com esquizofrenia, o equivalente a 0,34% da população adulta. É o que aponta um novo estudo conduzido por pesquisadores da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM/Unifesp), publicado na revista científica Brazilian Journal of Psychiatry (BJP).

Os responsáveis usaram dados de mais de 91 mil adultos de todas as regiões do país para estimar a prevalência do diagnóstico no país, coletados na última Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), de 2019. É a maior amostra nacional já utilizada para calcular o número de pessoas com esquizofrenia no Brasil.

O levantamento também reuniu informações sobre escolaridade, trabalho, renda, moradia e outros determinantes sociais. Com isso, os pesquisadores observaram que a maior prevalência do transtorno é entre homens, pessoas de 40 a 59 anos, indivíduos sem emprego formal, com baixa renda e moradores de áreas urbanas.

Apenas 17,8% dos brasileiros com esquizofrenia, por exemplo, relataram possuir emprego remunerado, e mais da metade apresentou baixa escolaridade. Para eles, isso evidencia um cenário de elevada vulnerabilidade social, que dificulta o acesso ao diagnóstico, ao tratamento e à inserção social dessas pessoas.

No artigo, eles escrevem que a esquizofrenia “não é apenas uma questão de saúde mental”. “É também uma questão social, precisamos de políticas públicas que considerem as condições de vida dessas pessoas”, reforçam os autores.

Leia também

• Dino manda divulgar CPF de quem ganha salário via emendas para saúde

• Saúde encerra sala que monitorava casos de intoxicação

• Rombo de plano de saúde ajuda a quebrar Correios; confira Cláudio Humberto desta segunda (8)

Além disso, os pesquisadores apontam que a prevalência real da esquizofrenia no Brasil pode ser ainda maior do que 0,34% da população adulta. “É possível que fatores como o acesso limitado ao tratamento e, consequentemente, ao diagnóstico, possam resultar em uma subestimação da verdadeira prevalência”, escrevem.

Pelo perfil de vulnerabilidade, muitas pessoas que vivem com o diagnóstico também podem não ter um domicílio estável, estarem institucionalizadas ou não ter condições de participar da pesquisa, fatores que as impedem de responder ao questionário e influenciam os resultados do levantamento.

Os responsáveis também destacam a expectativa de vida reduzida, mais de 15 anos inferior à da população geral, como outro elemento que favorece um número formal de diagnósticos menor.

Os autores defendem o fortalecimento de políticas públicas que integrem saúde, assistência social, educação e trabalho, garantindo acompanhamento contínuo, inclusão social e redução das desigualdades envolvidas na doença.

A esquizofrenia afeta 24 milhões de pessoas globalmente e é o terceiro maior motivo de perda de qualidade de vida entre os 15 e os 44 anos, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). A doença não tem cura, e seus sintomas são controlados por meio de terapia cognitiva e de medicamentos antipsicóticos.

Veja também

Newsletter