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RIO DE JANEIRO

Marido de juíza e pai de três filhos: quem era o policial assassinado com 5 tiros

Nesta terça-feira, a polícia faz uma operação para prender os assassinos de João Pedro Marquini, de 38 anos

Cerimônia de casamento entre a juíza Tula Correa de Mello e o policial civil João Pedro MarquiniCerimônia de casamento entre a juíza Tula Correa de Mello e o policial civil João Pedro Marquini - Foto: Instagram/reprodução

Na manhã desta terça-feira, a Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) e a Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) realizam uma operação para prender os assassinos do agente da Core João Pedro Marquini, de 38 anos. Agente da tropa de elite da Polícia Civil, Marquini foi morto na Serra da Grota Funda, em 30 de março deste ano, no Rio de Janeiro. O policial levou cinco tiros de fuzil durante uma tentativa de roubo de carro cometida por bandidos do Comando Vermelho, que travam uma disputa com a milícia por territórios na região. Ele morreu na hora.

O agente, que deixou três filhos, estava há 11 anos na Polícia Civil. Tula Mello e Marquini se casaram em fevereiro de 2024. Desde então, ela postava fotos do casal em viagens por diferentes países, em momentos românticos e também de aventura. Em 20 de novembro do ano passado, a juíza usou seu perfil no Instagram para compartilhar um texto em que desejava feliz aniversário ao marido.

“Todos os dias são assim contigo. Independentemente da força da tempestade que passa (tudo passa), a gente fica. Fica junto, fica feliz, fica firme. Fica apaixonado (eu por você, você por mim). Fica em paz por estar lado a lado”, diz um trecho.
 

Na época do crime, a Core afirmou que o policial era “respeitado e admirado por seus irmãos”, além de ser uma referência para os outros agentes. “Por inúmeras vezes, colocou sua própria vida em risco para proteger a sociedade, sempre com bravura e altruísmo”, diz o texto. “Tantos eventos heroicos permitiram que ele fosse promovido rapidamente ao posto mais alto de sua carreira: comissário de polícia”, completou.

Como o crime aconteceu?
No dia do assassinato, João Pedro e Tula tinham ido à casa da mãe de Marquini em Campo Grande, para buscar o carro do policial, um Sandero. Na volta para casa, na Barra da Tijuca, a juíza foi dirigindo o Outlander dela, que é blindado, enquanto o policial levou o Sandero. Em vez de passar pelo Túnel da Grota Funda, onde havia uma blitz da Lei Seca, o casal optou pela serra. Motoristas dizem que a via, que tem pontos com o matagal invadindo as pistas, virou rota de fuga de criminosos por ter pouco movimento.

De acordo com policiais que atuam no caso, no caminho, na altura do número 25.023 da Avenida Artur Xexéo, Marquini viu um Tiggo 7 atravessado na pista e homens armados. O agente, que integrava a Coordenadoria de Operações e Recursos Especiais (Core), telefonou para um colega pedindo reforço. A polícia ainda não sabe como foi a abordagem, mas acredita que a vítima tenha desembarcado e os bandidos teriam atirado sem que Marquini tenha feito um disparo. Ele foi baleado duas vezes no peito, duas vezes num dos braços e uma vez numa perna.

Juíza conseguiu escapar
A juíza Tula Mello, do 3º Tribunal do Júri da Capital, que dirigia o outro carro, um pouco mais atrás, teria percebido a situação e voltado de marcha a ré. Apesar disso, ao menos quatro tiros atingiram a lateria do Outlander. Ela não foi ferida.

Logo após o crime, policiais da Core fizeram uma operação na região e encontraram o Tiggo 7 que teria sido usado pelos bandidos nos arredores da comunidade Cesar Maia, em Vargem Pequena. A favela é controlada pelo traficante e ex-miliciano Rodney Lima de Freitas, o RD. Homem de confiança da cúpula do CV, ele é apontado em investigações como o traficante que comanda ataques a áreas controladas por bandos rivais em Santa Cruz e Guaratiba. Contra ele, há dois mandados de prisão por homicídio.

O Tiggo 7 apreendido tinha várias marcas de tiros. A polícia conseguiu a informação de que, pouco antes da morte do policial, os traficantes teriam usado esse carro numa tentativa de invasão à Favela de Antares, em Santa Cruz, dominada por uma milícia. A comunidade fica a 22 quilômetros do local do crime, onde os bando teria parado para roubar carros.

Além de Antares, o Comando Vermelho tem feito ataques constantes à Favela Piraquê, em Guaratiba, também controlada por milicianos. No último ano, a facção conseguiu tomar da milícia todas as favelas de Vargem Grande e Vargem Pequena, assim como parte das comunidades da região de Jacarepaguá. Outros alvos na mira agora do CV são o Terreirão, no Recreio, e Rio das Pedras, no Itanhangá.

Rodney Freitas é citado num processo como integrante do grupo “os crias”, que está à frente das invasões a territórios inimigos. Investigações apontam que o bandido foi integrante da milícia que atuava na Favela do Barbante, em Inhoaíba, na Zona Oeste, atualmente comandada por remanescentes da quadrilha de Luís Antonio da Silva Braga, o Zinho, que se entregou à Polícia Federal em dezembro de 2023. Rodney é acusado de duas mortes na favela.

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