Médicos e universitários protestam contra vetos de Milei à saúde
Na manifestação desta sexta-feira, havia numerosas faixas com a inscrição "3%", a proporção atribuída aos subornos que estão sendo investigados pela justiça
Médicos e enfermeiros do principal hospital pediátrico de Buenos Aires marcharam nesta sexta-feira (12) juntamente com universitários em rejeição aos vetos do presidente Javier Milei ao aumento de fundos para esses setores no âmbito de sua política de ajuste.
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Milei, com 21 meses no poder, vetou na quarta-feira um projeto de lei que previa um aumento do orçamento universitário para acompanhar o ritmo da inflação e compensar os atrasos salariais. Algo que ele já havia feito em outubro de 2024.
Além disso, o presidente vetou uma lei que autorizava contribuições do Tesouro Nacional para as províncias, justamente quando convocou os governadores a uma mesa de diálogo político após o duro revés eleitoral do oficialismo no domingo nas eleições legislativas da província de Buenos Aires, onde o peronismo venceu.
Em resposta aos vetos, nesta sexta-feira os manifestantes, apoiados por sindicatos e movimentos de esquerda, reuniram-se na Praça de Maio, em um protesto que coincidiu com uma greve de 24 horas no hospital pediátrico Garrahan e nas universidades públicas.
"O governo despertou o descontentamento de toda a sociedade, nas urnas foi mostrado um claro recado de que esta política de ajuste não deve continuar", disse à AFP Esteban Algañaraz, de 34 anos, maqueiro no hospital Garrahan, onde recebe um "salário de miséria" de 700 mil pesos mensais (cerca de 2.500 reais), enquanto a cesta básica familiar (para três pessoas) equivale a 3.411 reais por mês.
Os setores afetados estão preparando um protesto para a próxima quarta-feira, quando a Câmara dos Deputados debaterá se rejeita os vetos presidenciais à lei de financiamento universitário e à que declara a emergência pediátrica que afeta o hospital Garrahan.
Para isso, é necessária a aprovação de dois terços em ambas as câmaras, onde o oficialismo não possui maiorias próprias.
Na semana passada, o Congresso rejeitou pela primeira vez um veto de Milei a uma lei que concedia mais fundos para deficiência, um setor abalado por denúncias de corrupção que envolvem sua irmã e secretária-geral da Presidência, Karina Milei.
Ela foi convocada pelo Parlamento para responder às denúncias de supostos subornos na compra de medicamentos para a Agência Nacional de Deficiência.
Na manifestação desta sexta-feira, havia numerosas faixas com a inscrição "3%", a proporção atribuída aos subornos que estão sendo investigados pela justiça.
O presidente Milei admitiu uma "clara derrota" eleitoral no domingo, mas advertiu que não cederá "um milímetro" em suas políticas econômicas de equilíbrio fiscal e monetário, apesar do nervosismo dos mercados que consideram o peso sobrevalorizado.
O presidente apresentará na segunda-feira à noite a lei do orçamento de 2026 em uma mensagem em rede nacional.

