Médicos levam "Oscar da ciência" por descobertas sobre a esclerose múltipla; entenda
Doença neurodegenerativa afeta quase três milhões de pessoas no mundo
Um é um neurologista americano; o outro, um epidemiologista italiano. Cada um deles, à sua maneira, revolucionou a pesquisa sobre esclerose múltipla, uma doença neurodegenerativa que afeta quase três milhões de pessoas no mundo todo. Os médicos Stephen Hauser e Alberto Ascherio receberam o Breakthrough Prize, uma espécie de "Oscar da ciência", num reconhecimento às suas respectivas décadas de trabalho sobre essa doença autoimune, há muito considerada um enigma.
Ambos ampliaram os limites da compreensão da doença: um deles lançou luz sobre a resposta imune em sua origem e abriu caminho para tratamentos, e o outro confirmou o envolvimento de um vírus.
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A história começa mais de 45 anos antes, com o encontro de uma paciente chamada Andrea, "uma jovem extraordinariamente talentosa, que já era advogada e trabalhava na Casa Branca", lembrou Hauser à AFP.
— Então a esclerose múltipla apareceu de forma explosiva e destruiu a vida dela — diz ele. — Lembro de vê-la incapaz de falar, paralisada do lado direito, incapaz de engolir e, em pouco tempo, incapaz de respirar sem ajuda. Lembro de pensar que era a coisa mais injusta que já tinha visto na medicina.
Foi uma revelação para o médico, então com 27 anos, que decidiu dedicar sua vida a isso.
— Naquela época, não tínhamos tratamento para esclerose múltipla e havia um certo pessimismo sobre a possibilidade de desenvolver um — lembra o pesquisador, hoje com 74 anos e diretor do Instituto de Neurociências da Universidade da Califórnia (UCSF).
Hoje sabe-se que essa doença, que afeta o sistema nervoso central e causa distúrbios motores e cognitivos incapacitantes, é causada por um sistema imunológico hiperativo. Mas os cientistas acreditam que os linfócitos T, um tipo de glóbulo branco, são os únicos "culpados".

