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Mesmo sem PDC, Bike PE cresce 30%

Aumento se refere aos dias úteis. Índice global foi de +17%

Os Smurfs e a Vila PerdidaOs Smurfs e a Vila Perdida - Foto: Divulgação

O uso do BikePE aumentou 17%, neste ano, em relação a 2015, com um total de 22,9 mil viagens. Mesmo sem a estrutura ideal de rotas cicláveis definitivas (diferentes das móveis que costumam ser disponibilizadas em dias de lazer, como domingos e feriados), o serviço cresceu 30% nos dias úteis. Por outro lado, caiu 10% nos fins de semana.

Os dados são do Itaú, parceiro do Governo de Pernambuco na iniciativa, a partir de um estudo do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap). A estrutura necessária para oferecer mais conforto a quem opta pelas “magrelas” poderia ser outra se o Plano Diretor Cicloviário (PDC) tivesse saído do papel. 

No estudo, foi detectado um aumento no número de viagens em polos como Olinda, Recife Antigo e no entorno das avenidas Norte e Caxangá. Em dias úteis, o destaque foi para o campus da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Por lá, a devolução das bicicletas costuma ocorrer na mesma estação da retirada, um indicativo de que os usuários saem de bike para atividades rápidas, como um almoço, e voltam para aulas ou trabalho.

Também foi identificado uso frequente entre o campus e a estação de bike-share Feira da Bomba Grande, perto de uma estação de BRT da avenida Caxangá. Os trajetos com mais de três quilômetros também aumentaram de volume. Do Recife Antigo, por exemplo, partem muitas viagens rumo às avenidas Norte e Caxangá, sobretudo à tarde.

No polo, o sistema cresceu 36%. Na orla de Olinda, 37%. Já em Boa Viagem, apesar do fluxo frequente para lazer (sobretudo nos fins de semana), o índice caiu 9%. Estações do BikePE perto do metrô também preocupam, com uso 13% menor de um ano para o outro, um potencial de intermodalidade desperdiçado.

Apesar disso, a estação de bicicletas que fica perto da Estação Monte dos Guararapes, em Jaboatão, tem usuários assíduos em direção à orla e a áreas comerciais do bairro de Prazeres. Presente no segmento desde 2011, com o Bike Rio, o Itaú avalia os resultados como exitosos.

Na visão de Luciana Nicola, superinten­­dente de Relações Institucionais e Governamen­­­tais, a iniciativa abriu portas para mudanças de hábito e foi abraçada pelos governos locais. “Em Pernam­­buco, hou­­­ve uma mudança de política, registrada, inclusive, em Diário Oficial. A bicicleta passou a fa­zer parte dos exames práticos para tirar habilitação. Foi algo muito simbólico e que permite que o tema seja trabalhado com todo mun­­do”, afirmou, durante evento, em São Paulo, em que apresentou da­­­dos de praças de bike-share com envolvimento do banco.

Plano
O BikePE tem 80 estações na Capital, em Olinda e em Jaboatão dos Guararapes. Já o PDC, lançado em fevereiro de 2014, engatinha. Ele contém ações para melhorar a estrutura para as “magrelas” no Grande Recife até 2024, mas tinha metas a serem cumpridas até o ano passado (ver arte). Atrasado, o primeiro trecho da rede metropolitana, que cabe ao Governo do Estado, está em licitação. O nome da empresa vencedora para implantar a nova rota já foi publicado no Diário Oficial. Serão 5,1 quilômetros, do Marco Zero à Fábrica Tacaruna.

Questionada sobre políticas públicas voltadas ao tema ainda estarem focadas em opções de lazer em detrimento de esforços em prol de uma rede ciclável definitiva e integrada, Luciana Nicola avaliou que os passos dados até aqui foram importantes para fomentar a cultura da bicicleta. “Se investimentos não se concretizaram, foi por falta de recursos. Mas a gente vê que o tema entrou na pau­­ta, que há um planejamento. E, nas ruas, vemos que famílias inteiras se apropriaram dessa opção de mobilidade”, declarou.

*O repórter viajou a convite do Itaú

 

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