Mesmo sob efeito La Niña, verão de 2024/2025 foi o sexto mais quente já registrado no Brasil
Fenômeno climático que resfria a América do Sul não impediu o país de ficar 0,34°C acima da média no período; chuvas foram além do normal no Norte, mas ficaram abaixo no Sudeste e no Centro-Oeste
O verão que termina hoje foi o sexto mais quente já registrado no Brasil, informou hoje o Instituto Nacional de Meteorologia.
Os termômetros do país ficaram 0,34°C acima da média das últimas três décadas, mostra um levantamento que é feito desde 1961 pela entidade.
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A estação quente com calor acima da média era algo já esperado pelos cientistas, por causa da do aquecimento global, e neste ano é especialmente relevante, por causa da configuração climática na América do Sul.
A transição de 2024 para 2025 foi marcada pelo estabelecimento do fenômeno La Niña, que é o resfriamento das águas equatoriais do Pacífico.
Normalmente essa condição torna o verão sulamericano mais ameno, o que não ocorreu neste ano.
Na verdade, o anúncio de que o último verão está entre os dez mais quentes e mais de meio século indica que ele poderia ter sido muito pior, não fosse o La Niña.
"O fato é que, para o Brasil, esta última década foi mais quente que a anterior, conforme alertado pela
Organização Meteorológica Mundial (OMM), que enfatiza o aumento da emissão de gases do efeito estufa
na atmosfera e o aquecimento global", afirmou o Inmet em comunicado.
Dos outros seis verões mais quentes que o atual, na verdade, cinco ocorreram sob o efeito El Niño, que é o aquecimento das águas do Pacífico, espalhando mais calor na América do Sul.
O recorde de calor, por enquanto, continua sendo o do verão anterior (2023/2024), que ficou 0,73°C mais quente do que a média de 1991 a 2010, usada como padrão pelo Inmet para observar a evolução do aquecimento global no Brasil.
Um dos estados que mais contribuíram para a onda de calor neste período foi o Rio Grande do Sul, que passou por três ondas de calor.
A situação na região Sul foi muito fora do normal, sobretudo considerando que Inmet adota a definição de onda de calor da Organização Meteorológica Mundial (WMO), que considera onda de calor um período de 5 dias com temperaturas mais de 5°C acima do normal.
Este verão também foi muito marcado pelas chuvas, sobretudo na região Norte, que já é muito chuvosa. Houvo localidades em estados da Amazônia e no Piauí com mais de 700 mm de chuva acumulada.
"Os constantes temporais que atingiram a faixa norte do país durante o verão tiveram como principal responsável o sistema meteorológico Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), que é formado pela confluência dos ventos alísios provenientes do nordeste, com origem no Hemisfério Norte, e também de ventos do sudeste, com origem no Hemisfério Sul", explica o comunicado do Inmet.
Nas regiões Centro-Oeste e Sudeste, por outro lado, o verão foi um pouco mais seco do que o normal, com chuvas abaixo da média.