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Justiça

Meta tenta impedir venda de livro de memórias de ex-funcionária com denúncias contra executivos

Sarah Wynn-Williams lançou livro no qual descreve uma série de denúncias de assédio sexual e outros comportamentos inapropriados de executivos durante sua passagem pela empresa

Logo da Meta exibido em um centro de convenções em Paris Logo da Meta exibido em um centro de convenções em Paris  - Foto: Julien de Rosa/AFP

A Meta obteve uma vitória legal na quarta-feira contra uma ex-funcionária que publicou um livro de memórias explosivo e revelador.

Um juiz proibiu temporariamente a autora de promover ou distribuir cópias da obra.

Sarah Wynn-Williams lançou na semana passada “Careless people: A cautionary tale of power, greed, and lost idealism” ("Pessoas descuidadas: Um conto de advertência sobre poder, ganância e idealismo perdido", em tradução livre), no qual descreve uma série de denúncias de assédio sexual e outros comportamentos inapropriados de executivos seniores durante sua passagem pela empresa.

A Meta entrou com uma arbitragem, argumentando que o livro seria proibido por um contrato de não depreciação que ela assinou como funcionária de relações globais.

Durante uma audiência de emergência na quarta-feira, o juiz Nicholas Gowen concluiu que a empresa apresentou motivos suficientes de violação de contrato por parte de Wynn-Williams, de acordo com um processo legal publicado pela Meta.

As duas partes agora iniciarão uma arbitragem privada.

Além de interromper as promoções e vendas do livro, Wynn-Williams deve se abster de se envolver em ou "ampliar quaisquer comentários depreciativos, críticos ou prejudiciais", de acordo com o processo.

Ela também deve retirar todos os comentários depreciativos anteriores "na medida em que estiver sob seu controle".

O processo não parece limitar a editora, Flatiron Books, ou sua empresa controladora, Macmillan, de continuar a publicar o livro.

A Meta nega veementemente as alegações contidas na obra.

O livro é uma "mistura de alegações desatualizadas e relatadas anteriormente sobre a empresa e falsas acusações sobre nossos executivos", disse um porta-voz da Meta, Andy Stone, em nota oficial.

Wynn-Williams foi demitida por mau desempenho, ele acrescentou, e uma investigação na época determinou que "ela fez alegações enganosas e infundadas de assédio".

Um porta-voz da Flatiron Books não respondeu imediatamente a um pedido de comentário. Um porta-voz de Wynn-Williams, que trabalhou no então chamado Facebook de 2011 a 2017, não comentou.

A decisão de publicar o conteúdo do processo de arbitragem é uma das rejeições públicas mais contundentes da Meta em relação às memórias reveladoras de um ex-funcionário — vários livros foram publicados nas últimas duas décadas.

Os executivos da Meta também responderam online às alegações de Wynn-Williams, chamando a maioria delas de exageradas ou totalmente falsas.

Não está claro se as tentativas da Meta de impedir a circulação do livro de Wynn-Williams serão bem-sucedidas.

Em 2023, o National Labor Relations Board decidiu que é geralmente ilegal par auma empresa oferecer acordos de rescisão que proíbam os trabalhadores de fazer declarações potencialmente depreciativas sobre ex-empregadores, incluindo discutir assédio sexual ou acusações de agressão sexual.

Em um relatório de acionistas da Meta em 2022, o conselho de diretores da empresa disse que não exigia que os funcionários "permanecessem em silêncio sobre assédio ou discriminação" e que a empresa "proíbe estritamente retaliações contra qualquer funcionário" por falar sobre essas questões.

E em 2018, a Meta disse que não forçaria mais os funcionários a resolver reivindicações de assédio sexual em arbitragem privada, seguindo uma postura semelhante tomada pelo Google na época.

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