Meta tenta impedir venda de livro de memórias de ex-funcionária com denúncias contra executivos
Sarah Wynn-Williams lançou livro no qual descreve uma série de denúncias de assédio sexual e outros comportamentos inapropriados de executivos durante sua passagem pela empresa
A Meta obteve uma vitória legal na quarta-feira contra uma ex-funcionária que publicou um livro de memórias explosivo e revelador.
Um juiz proibiu temporariamente a autora de promover ou distribuir cópias da obra.
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Sarah Wynn-Williams lançou na semana passada “Careless people: A cautionary tale of power, greed, and lost idealism” ("Pessoas descuidadas: Um conto de advertência sobre poder, ganância e idealismo perdido", em tradução livre), no qual descreve uma série de denúncias de assédio sexual e outros comportamentos inapropriados de executivos seniores durante sua passagem pela empresa.
A Meta entrou com uma arbitragem, argumentando que o livro seria proibido por um contrato de não depreciação que ela assinou como funcionária de relações globais.
Durante uma audiência de emergência na quarta-feira, o juiz Nicholas Gowen concluiu que a empresa apresentou motivos suficientes de violação de contrato por parte de Wynn-Williams, de acordo com um processo legal publicado pela Meta.
As duas partes agora iniciarão uma arbitragem privada.
Além de interromper as promoções e vendas do livro, Wynn-Williams deve se abster de se envolver em ou "ampliar quaisquer comentários depreciativos, críticos ou prejudiciais", de acordo com o processo.
Ela também deve retirar todos os comentários depreciativos anteriores "na medida em que estiver sob seu controle".
O processo não parece limitar a editora, Flatiron Books, ou sua empresa controladora, Macmillan, de continuar a publicar o livro.
A Meta nega veementemente as alegações contidas na obra.
O livro é uma "mistura de alegações desatualizadas e relatadas anteriormente sobre a empresa e falsas acusações sobre nossos executivos", disse um porta-voz da Meta, Andy Stone, em nota oficial.
Wynn-Williams foi demitida por mau desempenho, ele acrescentou, e uma investigação na época determinou que "ela fez alegações enganosas e infundadas de assédio".
Um porta-voz da Flatiron Books não respondeu imediatamente a um pedido de comentário. Um porta-voz de Wynn-Williams, que trabalhou no então chamado Facebook de 2011 a 2017, não comentou.
A decisão de publicar o conteúdo do processo de arbitragem é uma das rejeições públicas mais contundentes da Meta em relação às memórias reveladoras de um ex-funcionário — vários livros foram publicados nas últimas duas décadas.
Os executivos da Meta também responderam online às alegações de Wynn-Williams, chamando a maioria delas de exageradas ou totalmente falsas.
Não está claro se as tentativas da Meta de impedir a circulação do livro de Wynn-Williams serão bem-sucedidas.
Em 2023, o National Labor Relations Board decidiu que é geralmente ilegal par auma empresa oferecer acordos de rescisão que proíbam os trabalhadores de fazer declarações potencialmente depreciativas sobre ex-empregadores, incluindo discutir assédio sexual ou acusações de agressão sexual.
Em um relatório de acionistas da Meta em 2022, o conselho de diretores da empresa disse que não exigia que os funcionários "permanecessem em silêncio sobre assédio ou discriminação" e que a empresa "proíbe estritamente retaliações contra qualquer funcionário" por falar sobre essas questões.
E em 2018, a Meta disse que não forçaria mais os funcionários a resolver reivindicações de assédio sexual em arbitragem privada, seguindo uma postura semelhante tomada pelo Google na época.