ARGENTINA

Milei demite 120 funcionários da Biblioteca Nacional da Argentina e deixa cultura em choque

Abaixo-assinado com mais de mil assinaturas de intelectuais do mundo todo pede reintegração de professor Roberto Casazza

Biblioteca Nacional Mariano Moreno Biblioteca Nacional Mariano Moreno  - Foto: Reprodução/Wikicommons

A demissão de 120 funcionários da Biblioteca Nacional Mariano Moreno (BNMM), na Argentina, deixou representantes da cultura perplexos. Os trabalhadores foram informados por e-mail que não teriam seus contratos renovados a partir do dia 1º de abril. Até ontem, mais de 900 funcionários trabalhavam na instituição, que conta com três sedes, uma Escola Nacional de Bibliotecários e centros especializados em diversas áreas temáticas.

Um comunicado da Biblioteca Nacional alertou que "não sobraram trabalhadores" na instituição. A pouco mais de cem dias do início do governo de Javier Milei, "o conjunto da classe trabalhadora está sofrendo um brutal ajuste que implica uma esmagadora transferência de renda em benefício das minorias empresariais", continuou o comunicado.

"Isso é um massacre; o clima é terrível", resumiu ao site Página 12 um funcionário da instituição, na condição de anonimato.

Entre os 120 funcionários desvinculados, o nome do professor e pesquisador Roberto Casazza teria deixado um grupo de colegas da Universidade de Buenos Aires chocado, de acordo com o jornal La Nácion. Docente de História da Filosofia e do Renascimento na Universidade Nacional de Rosário, onde obteve seu doutorado em Humanidades com orientação em Filosofia, ele tinha 28 anos quando começou a trabalhar na BNMM. Em 36 horas, uma carta pedindo sua reintegração reuniu cerca de mil assinaturas de personalidades nacionais e internacionais.

"Nós, colegas do Dr. Roberto Casazza, estamos chocados com sua demissão da Biblioteca Nacional Mariano Moreno sem qualquer motivo, após 27 anos de um trabalho profissional que, de outros espaços próximos, consideramos sólido, lúcido, de altíssima qualidade e de grande valor para nosso país", diz a carta. "Nós vimos o Dr. Casazza, uma pessoa formada em universidades argentinas, britânicas e alemãs, e atualmente uma das principais referências latino-americanas em bibliografias dos séculos XV ao XVIII, trabalhar na Biblioteca Nacional sobre manuscritos medievais, bibliografia colonial, livros antigos e raros, origens da cultura impressa, publicações astronômicas e científicas da primeira Modernidade, Antiga Livraria Jesuíta, sistema de classificação da Biblioteca Pública de Buenos Aires, etc., além de desenvolver trabalhos sobre coleções fundacionais da instituição."

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