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Ministro aceita pedido via Twitter e refaz análise de prova de filha de apoiador

Os problemas no Enem de 2020 levaram a Justiça Federal de São Paulo a suspender a etapa de seleção do Sisu, cujo período original de inscrição termina neste domingo

Ministro da Educação, Abraham WeintraubMinistro da Educação, Abraham Weintraub - Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

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O ministro da Educação, Abraham Weintraub, determinou nova análise da prova do Enem de uma candidata após receber reclamação do pai dela –que nas redes sociais se mostra alinhado ao governo Bolsonaro–, via Twitter.

Há ao menos 24 ações individuais na Justiça, além de uma ação civil pública do Ministério Público Federal de Minas Gerais, que pedem nova correção da prova do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). Neste ano, o exame teve parte de suas notas divulgadas com erros, causando vários transtornos aos estudantes que tentam vagas nas universidades públicas.

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Neste sábado (25), um homem identificado como Carlos Santana postou no Twitter uma reclamação, marcando o perfil do ministro da Educação: "Ministro, minha filha tem certeza que a prova do Enem dela não teve a correção adequada e que ela foi prejudicada. E agora? A inês é morta? O Sisu [Sistema de Seleção Unificada] termina amanhã", escreveu, identificando, em seguida, o número de inscrição da filha do Enem.
Em seu perfil nas redes sociais, o homem se mostra alinhado ao governo Bolsonaro e ferrenho crítico do PT.

Cerca de uma hora depois, Weintraub respondeu ao apoiador, também no Twitter, com um print screen de uma mensagem privada que trocou no WhatsApp com uma pessoa registrada em seu telefone celular como "Ale".

Nessa mensagem, "Ale" escreve, em resposta ao pedido anterior de Weintraub para verificar o caso: "Ministro, a participante teve a prova corrigida corretamente. Tudo confere. Fez a prova em Ribeirão Preto/SP. Conferido com a aplicadora. Não houve erro de associação no caso dela", escreve "Ale", em referência ao erro de associações de códigos que teriam causado os problemas em cerca de 6.000 provas.

Weintraub, então, respondeu ao apoiador, no Twitter, postando o print screen da conversa, precedida da seguinte frase: "Caro Carlos, veja a resposta abaixo. Abraço."
O nome do presidente do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), responsável pela realização do Enem, é Alexandre Lopes.

A assessoria do Inep afirmou à Folha de S.Paulo, neste domingo (25), que o instituto está revisando as provas de todas as pessoas que estão reclamando de maneira informal, por meio das redes sociais, mas que não dará respostas individuais a elas, como fez Weintraub em relação a seu apoiador.

Sobre as demandas na Justiça, afirmou que a AGU (Advocacia-Geral da União) é a responsável legal por cuidar desses casos.
O MEC não respondeu por que só a filha de apoiador terá resposta individual ao seu caso, em detrimento de pedidos feitos por outros candidatos.
O ministério tem negado a ocorrência de novas falhas para além das já divulgadas. Weintraub chegou a dizer que as novas reclamações partem de pessoas vinculadas a partidos radicais de esquerda.

Os problemas no Enem de 2020 levaram a Justiça Federal de São Paulo a suspender a etapa de seleção do Sisu, cujo período original de inscrição termina neste domingo.
A AGU (Advocacia-Geral da União) recorreu, afirmando que a suspensão apresenta "graves prejuízos à política pública de ensino superior".

A decisão da Justiça foi tomada com base no pedido da Defensoria Pública da União feito em razão dos erros no cálculo da nota do Enem de cerca de 6.000 candidatos.
O juiz Hong Kou Hen também determinou que o Inep comprove em até cinco dias que a revisão das notas nas quais foram encontradas falhas foi considerada para a readequação das notas de todos os candidatos ao Enem e que todos os participantes que pediram a revisão tiveram o pedido reavaliado, ainda que não atendido, e receberam resposta.

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