Minas Gerais

Moradora de Itaúna (MG) que teve casa destruída pela chuva relata susto

A cozinheira Priscila Dias, de 32 anos, gravou um vídeo pedindo ajuda para conseguir alugar um novo teto para ela e os três filhos e rapidamente conseguiu nova moradia. Parte do telhado quase desabou sobre sua filha

As recentes chuvas e suas consequências (inundações, alagamentos, deslizamentos etc) já desalojaram a 13.350 pessoasAs recentes chuvas e suas consequências (inundações, alagamentos, deslizamentos etc) já desalojaram a 13.350 pessoas - Foto: Gil Leonardi / Imprensa MG

Em menos de 24 horas, a vida da cozinheira Priscila Dias, de 32 anos, moradora de Itaúna (MG), virou de cabeça para baixo. Nesta terça-feira (11), por volta de 13h, ela descansava do almoço no sofá, quando levou um susto ao ouvir um estrondo. Não demorou para que notasse que parte de sua casa estava desabando por conta da força do temporal que caía do lado de fora. Com a residência interditada pela Defesa Civil e sua estrutura condenada, ela, após deixar o local às pressas com seu marido e os três filhos, viu sua realidade se igualar à de pelo menos 3,4 mil outras pessoas que, de uma hora para outra, se viram desabrigadas em Minas Gerais, estado mais castigado pelas chuvas nos últimos dias, segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). 

Desesperada, sobretudo após ter visto parte do reboco quase despencar sobre sua filha de 14 anos, e sem ter para onde ir com as crianças, Priscila resolveu gravar um vídeo pedindo ajuda, bem em frente à estrutura que havia acabado de desmoronar parcialmente. A gravação circulou pelas redes sociais de moradores da cidade, castigada pela chuva, e chegou até o perfil da prefeitura de Itaúna, que decidiu compartilhar os pedidos de ajuda feitos pelos itaunenses.

"Oi gente, me chamo Priscila. A minha casa caiu com a chuva. Se alguém souber de alguma casa ou barracão para alugar vai estar me ajudando, eu tenho três filhos e não tenho para onde ir com eles. Se alguém souber onde está alugando, o dono da minha casa disse que passa referência minha, faz tempo que eu moro aqui", diz nas imagens, com a fita de interdição da Defesa Civil ao fundo.
 

Em poucas horas, conta ela ao GLOBO, recebeu várias mensagens e ligações, até que conseguiu uma nova moradia, a preço acessível, por conta de toda a situação que passa a cidade. Priscila se emociona ao agradecer à solidariedade dos conterrâneos e ao relembrar o momento dramático que viveu abruptamente.

"Era para eu ter ido trabalhar, mas como o Rio São João transbordou, e, lá do restaurante, me ligaram falando para eu não ir. Então, ficamos em casa, eu e meu marido. Eu tinha acabado de deitar no sofá para descansar um pouco quando, do nada, o teto desabou e quase caiu uma parte em cima da minha menina de 14 anos. Eu não sei o que seria de mim se isso tivesse acontecido. A casa estava caindo e eu entrei em desespero" conta.

"Chovia muito, mas, naquele momento, não houve deslizamento, nem estava alagando. A casa desabou só com a força da água. Graças a Deus foi feita essa corrente de solidariedade, e eu já consegui uma casa para alugar e abrigar os meus filhos".

Segundo ela, a Defesa Civil municipal prestou apoio enquanto ela buscava um novo lar. Antes de deixar o local,  pôde retirar alguns itens pessoais que estavam numa parte mais segura da casa. O restante dos objetos, móveis e utensílios ficaram para trás, pelo menos até a chuva parar e os técnicos entenderem que não há mais riscos no local.

Apesar do susto com a filha de 14 anos, que não se feriu, Priscila conta que, se tivesse ido trabalhar, a chance era grande de que tivesse acontecido uma tragédia. Isso porque onde uma parte do teto desabou é justamente onde a babá que cuida das crianças costuma deixá-las brincando.

"Se meus meninos estivessem sozinhos, era lá onde estariam brincando... não consigo nem imaginar o que poderia ter acontecido" conta, ainda abalada.

Além de ruas e casas alagadas e pessoas obrigadas a sair às pressas, Itaúna chegou a viver ainda o risco causado por barragens próximas, que, com o grande volume de chuva — mais que o dobro previsto para o mês inteiro em apenas onze dias —, apresentaram chances reais de rompimento. Nesta terça (11) à noite, a Defesa Civil informou que a as empresas responsáveis pelas barragens locais estão controlando a vazão para evitar riscos. O município recomenda que moradores evitem áreas ribeirinhas.

Priscila relata que há um sem fim de desabrigados na cidade e em situações parecidas com a que passou.

"Tem muita gente desabrigada em Itaúna. O pessoal da Defesa Civil me disse que tem casos de condomínios inteiros sendo interditados, além de muitos alagamentos e pessoas precisando sair de suas casas" lamentou.

O último relatório do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) dá conta de que, nesta segunda-feira (10), Minas Gerais registrou os maiores acumulados de chuva do Brasil. Entre os 20 municípios com maior precipitação em 24 horas, 15 eram mineiros. O primeiro da lista é Dores do Indaiá, seguido de Ibirité e Belo Horizonte.

A previsão do Inmet para os próximos dias ainda é de possibilidade de chuvas intensas. Em Belo Horizonte, a chuva só deve dar uma rápida trégua na sexta-feira.

Nesta segunda-feira (10), o governo de Minas Gerais multou a mineradora Vallourec em R$ 288 milhões por danos ambientais causados após o transbordamento do dique de contenção de sedimentos da Mina Pau Branco, localizada em Nova Lima, em Belo Horizonte.

A notificação determinou ainda a suspensão imediata das atividades relacionadas à Pilha Cachoeirinha e ao Dique Lisa até que sejam apresentados documentos que garantam a estabilidade das estruturas. A empresa autuada tem 20 dias para efetuar o pagamento da multa ou apresentar defesa aos órgãos ambientais do Estado, segundo o governo.

De acordo com o Auto de Infração, a mineradora francesa foi autuada por “causar intervenção de qualquer natureza que resulte em poluição, degradação ou dano aos recursos hídricos, às espécies vegetais e animais, aos ecossistemas e habitats ou ao patrimônio natural ou cultural, ou que prejudique a saúde, a segurança e o bem-estar da população”.

O governador Romeu Zema, nesta terça-feira (11), afirmou ainda que irá intensificar o monitoramento 31 das barragens que estão em algum nível de emergência em MG, exigindo relatório de cada uma das mineradoras. Notificadas nesta terça, as empresas terão 24 horas para informar dados sobre a pluviosidade média que incidiu na barragem, a existência ou não de plano para o período chuvoso, avaliação da performance do sistema de drenagem, anomalias e patologias registradas, bem como as ações que serão adotadas para manutenção e monitoramento das mesmas.

"O governo do estado de Minas Gerais através da Secretaria de Meio Ambiente está unindo forças ao Ministério Público estadual e Ministério Público Federal no sentido de intensificar o monitoramento das barragens nesse período chuvoso. Nós queremos segurança acima de tudo" disse Zema.

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