Moradores eram usados em esquema fraudulento da Prefeitura de Itapissuma, diz polícia
Segundo a investigação, esquema funcionava havia cerca de 30 anos no município
Moradores de Itapissuma, no Grande Recife, eram usados para prestação de serviços públicos como contrapartida para receber benefícios sociais da prefeitura. A Polícia Civil de Pernambuco estima que, por semana, entre 200 e 400 beneficiários do programa de assistência "Frente de Serviço" eram obrigados a fazer varrição e capinação de ruas. Segundo a corporação, o esquema constituía uma prática de mais de 30 anos.
Os detalhes da investigação foram divulgados nesta segunda-feira (23) em coletiva de imprensa no Departamento de Repressão ao Crime Organizado (Draco), no Sancho, na Zona Oeste do Recife. O inquérito, realizado no âmbito da Operação Dragão do Mar, resultou no afastamento pela Justiça de 17 servidores públicos e políticos, entre eles o prefeito Zé de Irmã Teca, a vice-prefeita e quatro secretários municipais e três vereadores, incluindo o ex-presidente da Câmara, GG de Zé Antônio. Ao todo, foram desviados R$ 10 milhões do caixa da prefeitura.
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De acordo com a delegada Viviane Santa Cruz, servidores e secretários municipais faziam o saque dos valores com os beneficiários e distribuíam a verba para cabos eleitorais nos distritos do município, onde os moradores que deveriam receber o pagamento tinham que prestar os serviços de limpeza urbana. A polícia identificou 18 mulheres de baixa renda que teriam sido usadas pelo esquema. "Empenhavam-se valores em nome de pessoas de baixa renda. Normalmente, essas mulheres, que varriam as ruas, eram escolhidas para receber um cheque de valores vultosos, de até R$ 80 mil, e não tocavam no dinheiro", explica.
Ainda segundo a polícia, o esquema de condicionar o pagamento de benefícios sociais à prestação de serviços públicos já era uma prática de mais de 30 anos. No entanto, foi a atual gestão que mudou a distribuição dos valores, que antes era feita de forma "igualitária" para todas as localidades. "[Não havia] dessa forma, assim, descompensada, o que é muito grave", destaca Lélis.
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