Mpox: paciente de SP com infecção causada por nova cepa terá alta hoje
Lesões particulares à doença foram cicatrizadas e mulher de 29 anos passa bem; tratamento foi feito no Instituto de Infectologia Emilio Ribas
A paciente que foi identificada com o primeiro caso do clado 1b de mpox receberá alta do Instituto de Infectologia Emilio Ribas hoje.
A liberação da paciente ocorre poucos dias após a confirmação de que a jovem havia sido infectada com a nova cepa da doença, até então não identificada no Brasil, mas responsável por um grande surto na República Democrática do Congo (RDC).
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A jovem mora na Grande São Paulo e apresentou os sintomas iniciais em 16 de fevereiro. Perto da data, ela havia recebido visita de um parente que veio da RDC.
Até o momento, não há indicativos de outros casos da nova cepa na capital e a vigilância trabalha para identificar eventuais contactantes.
— Manteremos a vigilância para garantir que se houver outro contato (da primeira paciente com clado 1b) essa pessoa seja rapidamente tratada — afirmou anteriormente Regiane de Paula, coordenadora de Controle de Doenças da Secretaria Estadual de Saúde de SP. — Por meio dessa paciente temos rastreado seus familiares e falado com eles. Nenhum deles tem sintomas e lesões características à mpox.
Ontem, a secretaria de Saúde de São Paulo realizou uma reunião com o Ministério da Saúde para justamente falar sobre o plano de vigilância da mpox no estado. Neste ano, considerando a cepa da doença que está em circulação desde 2022 chamada clado 2, são cerca de 150 casos conhecidos.
Quais são as cepas do vírus mpox? A mpox é uma doença viral da mesma família da varíola erradicada em 1980, embora mais rara e geralmente mais leve.
Existem duas principais cepas conhecidas, uma associada à África Central na região da República Democrática do Congo (que era chamada de Central African clade ou clado do Congo) e outra à África Ocidental na região da Nigéria (chamada de West African clade ou clado da Nigéria).
Elas foram renomeadas, respectivamente, para clado 1 e clado 2 no final de 2022, no mesmo movimento que trocou o nome da doença de "varíola dos macacos" para mpox.
A 2, que é mais branda, foi a responsável pela propagação global em 2022 depois que uma nova versão, chamada de 2b, ganhou a habilidade de se disseminar via relações sexuais.
Na época, a OMS também decretou ESPII, e o Brasil foi um dos países mais afetados – o primeiro a relatar um óbito fora da África.
Essa cepa (2b) continua a circular e a provocar casos pelo mundo, inclusive no Brasil, porém de forma mais fraca e sem um cenário de emergência global.
No entanto, em setembro de 2023, pesquisadores detectaram uma nova variante do vírus da mpox, dessa vez derivada do Clado 1, que é mais grave, com estimativas que chegam a 10% de letalidade. A cepa também parece ter adquirido a capacidade de ser transmitida sexualmente e recebeu o nome de 1b.
Como a mpox é transmitida? Segundo a OMS, a mpox pode ser transmitida aos seres humanos por meio do contato físico com alguém que esteja transmitindo o vírus, com materiais contaminados ou com animais infectados. No entanto, uma das vantagens evolutivas que fez o vírus se disseminar globalmente de forma inédita em 2022 foi a disseminação via relações sexuais.
Agora, as evidências apontam que o Clado 1 também conseguiu se propagar pelo sexo.
Em entrevista ao Globo, o diretor executivo da Coalizão para Inovações em Preparação para Epidemias (CEPI), Richard Hatchett, que esteve no Rio de Janeiro no ano passado para a 2º Cúpula Global de Preparação para Pandemias, já havia feito um alerta sobre os riscos de uma nova propagação da mpox por causa de relações sexuais.
Quais os sintomas da mpox? Sintomas iniciais comuns da mpox envolvem febre, dores musculares, cansaço e linfonodos inchados.
Uma característica comum da doença é o aparecimento de erupções na pele (lesões), como bolhas, que geralmente começam no rosto e se espalham para o resto do corpo, principalmente as mãos e os pés. Porém, no caso de transmissão sexual, surgem nas genitálias.
Os sintomas aparecem entre 6 e 13 dias após a contaminação, mas podem levar até três semanas da exposição para se manifestarem. Geralmente, quando a doença é leve, e os sintomas desaparecem sozinhos dentro de duas a três semanas