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Bolívia expulsa diplomatas do México e da Espanha, que revida

Eles foram acusados de tentar ajudar ex-membros do governo do presidente deposto, Evo Morales, a sair da residência da embaixadora do México

Embaixadora do México Maria Teresa MercadoEmbaixadora do México Maria Teresa Mercado - Foto: HO / Bolivian Presidency / AFP

A Bolívia decidiu nesta segunda-feira (30) pela expulsão de diplomatas do México e da Espanha, após a polêmica visita do final de semana do pessoal espanhol à embaixada mexicana, onde os ex-ministros de Evo Morales são asilados. A presidente interina da Bolívia, Jeanine Áñez, anunciou que o país vai expulsar a embaixadora do México e a encarregada de Negócios e o cônsul da Espanha.

"O governo constitucional que eu presido decidiu declarar 'personas non gratas' a embaixadora do México na Bolívia, María Teresa Mercado, a encarregada de Negócios da Espanha na Bolívia, Cristina Borreguero, o cônsul Álvaro Fernández e o grupo de supostos diplomas com capuzes e armados", disse Áñez em declaração à imprensa.

A chefe de Estado acusou os diplomatas de terem "lesionado gravemente a soberania e a dignidade do povo e do governo constitucional da Bolívia" e ordenou que eles "deixem o país em um prazo de 72 horas".

A atitude desencadeou uma medida de expulsão recíproca de funcionários bolivianos por parte de Madri, que declarou três diplomatas bolivianos "persona non grata", em uma escalada da crise diplomática. "Em reciprocidade ao gesto hostil do governo interino da Bolívia (...), a Espanha decidiu, por sua vez, declarar três membros da equipe diplomática e consular boliviana credenciados em nosso país e dar a eles 72 horas para deixar a Espanha", disse um comunicado oficial na capital espanhola.

Na embaixada do México em La Paz, estão asilados nove ou dez funcionários do ex-presidente Morales, após sua renúncia em 10 de novembro passado. Entre os asilados estão os ex-ministros Juan Ramón Quintana e Wilma Alanoca, com ordens de prisão e outros sob investigação fiscal. Todos estão denunciados por delitos de sedição e terrorismo, enquanto La Paz disse que vai lhe conceder salvo-condutos para que deixem o país.

Segundo o governo boliviano, o chefe de negócios e o cônsul chegaram à embaixada mexicana com agentes de segurança "encapuzados e supostamente armados", com o objetivo de evacuar o ex-ministro Juan Ramón Quintana, o braço direito de Morales desde que chegou ao poder em 2006.

A chanceler Karen Longaric esclareceu nesta segunda-feira que as expulsões "não implicam de forma alguma uma ruptura de relações diplomáticas", mas que agora os dois países devem nomear novos funcionários.

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México denuncia decisão política
Após a expulsão de sua embaixadora María Teresa Mercado, o México denunciou uma decisão de "caráter político" e informou que a instruiu a voltar a seu país. O México denunciou que sua residência sofre "assédio" e exigiu o fim dele, além de informar que um sucessor assumirá temporariamente o cargo e que os escritórios diplomáticos funcionarão normalmente.

O governo López Obrador havia aberto na semana passada a possibilidade de diálogo com a Bolívia, para tentar resolver os incidentes, mas as iniciativas não foram além das declarações bilaterais de boas intenções. A residência mexicana continuou sob forte vigilância policial nesta segunda-feira.

A Espanha informou que enviará uma missão de investigação à Bolívia. Madri negou "veementemente" que a visita fosse para "facilitar a saída" dos funcionários de Morales e que, de qualquer forma, era uma visita "cortesia exclusiva".


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