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Cientistas pessimistas com futuro governo dos EUA

“Trump é o primeiro presidente contra a ciência que temos, e as consequências serão muito ruins”, afirma Michael Lubell

Túlio GadêlhaTúlio Gadêlha - Foto: Arthur Mota/Folha de Pernambuco

WASHINGTON (AFP) - Da luta contra o aquecimento global aos orçamentos para pesquisa, a comunidade científica americana teme o pior com o futuro governo de Donald Trump, que já é visto como o presidente mais hostil com a ciência.

“Trump é o primeiro presidente contra a ciência que temos, e as consequências serão muito ruins”, afirma Michael Lubell, porta-voz da American Physical Society, em sintonia com o pessimismo que vive o setor.
O próximo vice-presidente, Mike Pence, é um político ultraconservador e criacionista, que em ao menos uma entrevista disse não acreditar na teoria da evolução de Darwin, que fundamenta a biologia moderna.
Neste momento, as preocupações se concentram principalmente nas questões relativas ao clima, visto que o magnata do ramo imobiliário declarou que não acredita que os humanos sejam responsáveis pelo aquecimento global.
Para Trump, trata-se de uma farsa inventada pela China para prejudicar os Estados Unidos, e ele prometeu retirar seu país do acordo de Paris.
“Se Trump cumprir suas promessas de campanha, será difícil manter o aumento das temperaturas do planeta abaixo dos níveis perigosos”, explicou Michael Mann, diretor do Centro de Ciências da Terra da Universidade da Pensilvânia.

Uma década perdida
Os Estados Unidos são o segundo maior emissor de gases de efeito estufa, atrás da China. John Abraham, professor de Engenharia Mecânica na Universidade St. Thomas, de Minnesota, considera que a vitória de Trump “custará ao menos uma década” em termos de luta contra o aquecimento global.
“Estudo o aumento das temperaturas nos oceanos e o equilíbrio térmico da Terra, e os dados saltam aos olhos”, afirmou.
“Claramente, Trump não está informado sobre muitas coisas e, em relação ao clima, não há dúvida de que é grave”, aponta Rush Holt, diretor-geral da Associação Americana para o Desenvolvimento da Ciência (AAAS, siglas em inglês), a maior organização científica do mundo, que publica a prestigiosa revista Science. Ele observa, em particular, que Trump escolheu Myron Ebell, um cético sobre as mudanças climáticas, para integrar sua equipe de transição e, potencialmente, para dirigir a Agência de Proteção Ambiental (EPA) - instituição que Obama utilizou para impor uma redução das emissões de carbono, principalmente para as usinas elétricas e os automóveis.

 

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